Caso Hélder Rosalino. “Erro de palmatória para um Governo que devia ter mais experiência política”
31-12-2024 - 10:27
 • André Rodrigues , Olímpia Mairos

João Duque olha para a nomeação e para a recusa de Hélder Rosalino em assumir a secretaria-geral do Governo.

"Uma sucessão de erros”: eis como vê o comentador da Renascença João Duque o caso político que marca o final do ano, que envolve Hélder Rosalino que se recusou assumir a secretaria-geral do Governo, num caso em que o Executivo assinou alterações à lei para acomodar um vencimento de 15 mil euros.

“É, de facto, um erro de palmatória, para um Governo que devia ter mais experiência política”, imaginar, por exemplo, que um caso destes, em que uma pessoa vai auferir o dobro do salário do primeiro-ministro ou do Presidente da República, “não vai, imediatamente, levantar uma enorme algazarra e um foco imenso”, diz João Duque.

O comentador aponta também a ausência de “uma preparação que devia estar muito robusta, porque, percebemos que, afinal, não está muito robusta, a ponto de se alterar a lei para ajustar a um caso particular, a dias de se fazer a nomeação”, sublinhando que isso “levanta, obviamente, mais suspeitas”.

Questionado sobre se é uma falha flagrante ao nível da transparência do Governo, João Duque diz que não se trata de transparência, mas entende que isto não se faz.

“A República, a Democracia não se faz para ajustar a lei aos casos particulares. Portanto, para se fazer um caso, uma situação destas, tem que ser alguém que, de facto, mereça isto”, assinala.

Na visão do economista, a justificação aparente “não foi suficientemente forte”.

“E, depois, imaginar que o Banco de Portugal vai fazer o pagamento do salário ao Hélder Rosalino - quando um governador que temos neste momento não é, ainda por cima, da cor política, mas, independentemente disso - quando percebe que não o pode fazer, então devia ter sido estudado antecipadamente essa situação”, defende.

No seu espaço de comentário d’As Três da Manhã, João Duque critica também a justificação dada pelo Governo.

“A justificação de que a República ainda poupa dinheiro pelo facto de transferirmos o Hélder Rosalino do Banco de Portugal para o Governo, e, portanto, assim, pagamos menos porque deixamos de contratar alguém especificamente para este cargo, deixando o Hélder Rosalino auferir o salário no Banco de Portugal, é imaginar que o Hélder Rosalino, se saísse de lá, não ia ser substituído, o que quer dizer que o Hélder Rosalino não está a fazer absolutamente nada, que não ganhar o seu salário do mês do Banco de Portugal”, aponta.

“E isto também não se faz. Portanto, acho que são erros que não fazem sentido”, remata.