As seis creches da Fundação D. Pedro IV, em Lisboa, estão fechadas depois de testes aos funcionários terem dado resultados contraditórios, no espaço de dois dias.
A notícia foi recebida com surpresa, a menos de 48 horas do momento previsto para a creche abrir portas e toda a dinâmica das famílias sofreu novos ajustes, como relatou à Renascença uma mãe, que não quis identificar-se.
Esta mãe tem a filha de um ano inscrita numa das seis creches e já “tinha a vida planeada ao nível do trabalho”, mas, face à manutenção do encerramento da creche, teve de pedir ajuda e “alterar reuniões e horários”.
Segundo o email enviado aos pais, todas as Casas de Infância da Fundação não iriam reabrir por terem sido detetados “vários casos confirmados de Covid-19” entre trabalhadores. Os casos foram detetados “na sequência dos testes de diagnóstico mandados fazer aos profissionais das Creches”, refere ainda a IPSS.
Testes deixam dúvidas
O presidente da Fundação D. Pedro IV, Vasco do Canto Moniz, confirma, em declarações à Renascença, 10 casos positivos de infeção que, menos de dois dias depois, já eram negativos, o que não garantiu confiança para abertura de portas.
Canto Moniz explica que no dia 15 de maio receberam os resultados de 10 casos positivos entre os funcionários, que estavam a preparar a abertura das creches. O presidente da Fundação diz que só em vésperas da data de abertura tiveram conhecimento de que, “afinal, os casos não eram positivos, eram todos negativos”, o que considerou “uma situação perfeitamente inaceitável e sem qualquer espécie de confiança” para abrir as portas das creches.
As Casas de Infância da Fundação vão abrir a 1 de junho. Enquanto as portas estão fechadas, o presidente garante que a IPSS está a praticar descontos de 25% nas mensalidades.
Maior parte das creches das IPSS abriu portas
A maior parte das 1 059 instituições privadas de solidariedade social conseguiram abrir portas já esta semana, mas o balanço ainda não está fechado, o que deverá acontecer só no início de junho. Ainda assim, como disse à Renascença,
Filomena Bordalo, da Confederação das Instituições de Solidariedade (CNIS), disse à Renascença que a maior parte abriu já no dia 18 de maio. “As que não abriram e estão a abrir, entretanto, tem essencialmente a ver com a inexistência de testes ou resultados de testes” positivos, disse.
Nessas circunstâncias, sublinha Filomena Bordalo, “as creches não podiam de todo abrir”.
Segurança Social chamada a intervir
Face ao cenário de creches de IPSS, que não reabriram, a presidente da Associação de Creches e Pequenos Estabelecimentos de Ensino Particular pede a intervenção da Segurança Social.
Susana Batista defende que “todas as creches do setor social deveriam abrir”, cabendo “à Segurança Social verificar se há esse comprimento, porque as IPSS recebem um apoio do Estado na ordem dos 283 euros/criança para funcionar”.
A Renascença pediu explicações ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Fonte do gabinete da Ministra Ana Mendes Godinho disse que está prevista uma reabertura gradual até 1 de junho, data em que todos os equipamentos devem estar de portas abertas.