O Presidente dos EUA, Donald Trump sugeriu esta quinta-feira que a Associação Nacional de Rifles (NRA, na sigla inglesa), uma poderosa organização de lóbi pró-armas, se mude para o Texas, pouco depois de os procuradores de Nova Iorque e Washington terem anunciado processos judiciais contra o grupo.
Em declarações aos jornalistas na Casa Branca, Trump disse que o Texas é um grande estado para acolher a NRA, atualmente sediada em Fairfax, na Virginia, a cerca de 30 quilómetros da capital norte-americana, e registada enquanto organização sem fins lucrativos em Nova Iorque, onde conduz grande parte das suas transações financeiras.
Para Trump, esta guerra judicial é "uma coisa muito má" e, face aos processos, a NRA, uma das principais fontes de doações às campanhas do Presidente, deve registar-se num estado "mais amigável", como o Texas "ou estado outro à sua escolha", declarou o Presidente aos jornalistas.
As procuradorias de Nova Iorque e Washington D.C. acusam a organização de má gestão financeira e, nos processos hoje apresentados, pedem que seja dissolvida.
"[Os líderes do grupo] usaram milhões e milhões das reservas da NRA para fins pessoais", em desrespeito dos seus próprios estatutos fundadores, para além de violar leis estatais e federais", indica a procuradoria de Nova Iorque em comunicado, adiantando que o dinheiro também foi usado para comprar a lealdade e o silêncio de ex-funcionários.
No processo hoje iniciado pela procuradora-geral Letitia James, os líderes da NRA são acusados de usar dinheiro da organização para pagar férias de família nas Bahamas, viajando em aviões privados e com direito a refeições caras.
No seu todo, essas despesas pessoais contribuíram para uma contração em 64 milhões de dólares do balanço patrimonial da NRA em três anos, transformando um excedente orçamental em défice.
"A NRA tem operado enquanto terreno fértil para a ganância, abusos e ilegalidades descaradas", declarou aos jornalistas Letitia James esta quinta-feira. "Ninguém está acima da lei. É por isso que pretendemos dissolver a NRA."
A procuradoria de Washington avançou também com um processo semelhante, com base no que diz ser "uso indevido de fundos da caridade e despesas desnecessárias" enquanto organização sem fins lucrativos.
A Reuters recorda que este confronto aberto opõe James e o procurador de Washington, Karl Racine, ambos democratas, a uma das maiores e mais poderosas organizações pró-armas dos EUA, uma com ligações próximas ao Partido Republicano e ao Presidente Donald Trump.
Em comunicado, a NRA diz estar a ser alvo de "um ataque premeditado e sem fundamentos", numa tentativa de "tomada de poder" dada a proximidade às eleições presidenciais, marcadas para 3 de novembro.
"Não só não vamos acanhar-nos nesta luta, como vamos confrontá-la e vencer", promete a presidente da organização, Carolyn Meadows.
Letitia James já respondeu às acusações, garantindo que o processo não tem motivações políticas.