Quase 9.000 doentes receberam em 2022 cuidados hospitalares em casa, totalizando 87.747 dias de internamento, revelam esta sexta-feira dados do Ministério da Saúde, que apontam um aumento de 68,3% das admissões diretas de utentes para hospitalização domiciliária face a 2021.
De acordo com os dados, os programas de Hospitalização Domiciliária do Serviço Nacional de Saúde (SNS) abrangeram 8.932 doentes no ano passado, mais 20,4% face a 2021, perfazendo 87.747 dias de internamento domiciliário, mais 24,9%, sendo o tempo médio de internamento dos doentes de 9,9 dias.
Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, adiantou que foram utilizadas 339 camas no domicílio em 2022, mais 29 do que em 2021, o que corresponde "a um hospital de média dimensão".
"É como se tivéssemos construído mais um hospital no SNS", disse, explicando que as 339 camas estão distribuídas por 36 hospitais e centros hospitalares do país.
O governante assinalou que 95% dos hospitais do SNS já oferece esta resposta e que rapidamente será alargada a todos os hospitais. A este propósito, anunciou que estão a definir uma estratégia para que, até 2026, possam haver cerca de 1.000 camas disponíveis no domicílio e poder responder a cerca de 30.000 doentes a nível da resposta hospitalar em casa.
"É um investimento no qual o SNS está apostado e as equipas, os profissionais e os vários responsáveis do Serviço Nacional de Saúde mobilizados para cumprir estes objetivos", sublinhou.
Para responder às necessidades destes doentes, as equipas de hospitalização domiciliária realizaram, em 2022, 113.492 visitas ao domicílio, mais 19% face a 2021, com um tempo médio de permanência na residência do doente de 37 minutos por visita, segundo os dados do Programa Nacional de Implementação das Unidades de Hospitalização Domiciliária.
O número de visitas de enfermagem também registou um aumento de 97,2%, somando 318.000 visitas, bem como os contactos não presenciais que cresceram 62%, tendo totalizado 50.712.
Ricardo Mestre explicou que esta resposta se dirige a doentes que estão ainda na fase aguda da doença e que reúnem um conjunto de critérios clínicos, sociais e geográficos que permitem que estejam internados na sua própria casa, sendo as equipas constituídas por médicos, enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais que se deslocam ao domicílio, oferecendo todos os cuidados hospitalares que a pessoa teria se tivesse internada no hospital.
São feitos ainda contactos diários para casa do utente, por profissionais de saúde, sendo realizado o acompanhamento do doente através de serviço de telemedicina, que agrega voz, imagem e transmissão de dados clínicos em tempo real.
O secretário de Estado da Saúde destacou que há "um conjunto de ganhos muito objetivos para os doentes que, no conforto do seu lar, tem acesso aos cuidados hospitalares que teriam nas instalações do hospital" e "têm uma perspetiva de recuperar o seu estado de saúde de uma forma muito mais cómoda, muito mais adequada àquilo que é o seu ambiente de vida".
"Mas tem também vantagens para o Serviço Nacional de Saúde na medida em que nos permite alargar a resposta, ser mais eficientes na resposta que damos à população, e nos permite também ter cuidados mais humanizados e mais de acordo com aquilo que são as expectativas da nossa população", enfatizou.
O Ministério da Saúde promove hoje o 3.º Encontro de Unidades de Hospitalização Domiciliária em Coimbra, onde, segundo Ricardo Mestre, os profissionais terão a oportunidade de continuar a discutir o alargamento desta resposta, inclusivamente a outras áreas clínicas como, por exemplo, a pediatria, a oncologia, as doenças raras, a reabilitação.