A justiça espanhola decidiu implicar o atual presidente do Barcelona, Joan Laporta, no chamado caso Negreira, por considerar que os pagamentos ao antigo presidente do Comité Técnico de Árbitros constituem um delito com efeito continuado.
De acordo com a agência noticiosa EFE, o juiz Joaquín Aguirre, do Tribunal de Instrução número 1 de Barcelona, quer investigar Laporta e os restantes elementos da sua direção, que assim se juntam a dois antigos presidentes do clube, Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu, que já estavam indiciados.
A decisão do juiz contraria o Ministério Público que tinha excluído Laporta da investigação, por considerar que os pagamentos suspeitos feitos a José Negreira entre 2008 e 2010, durante o seu primeiro mandato, tinham prescrito.
Joaquín Aguirre entende que pagamentos são um “delito continuado” e considera que o período de prescrição deve ser contado a partir da data do último pagamento, que ocorreu em julho de 2018, altura em que o clube era liderado por Josep Maria Bartomeu.
Assim, o juiz defende que o “delito de efeito continuado” devem implicar todos os que lideraram o clube entre 2001 e 2018, uma vez que a entidade pagadora é sempre o Barcelona.
O caso Negreira foi tornado público em março de 2023 e surgiu na sequência de investigações que o Ministério Público de Barcelona, segundo as quais José Negreira, antigo responsável da arbitragem espanhola, recebeu, através de uma empresa, quase sete milhões de euros por suposta assessoria, verbal, ao clube, entre 2001 e 2018.
De acordo com a justiça espanhola, o Barcelona "manteve um acordo verbal estritamente confidencial" com José Negreira, para que este, "a troco de dinheiro, realizasse ações tendentes a favorecer o Barcelona na tomada de decisões dos árbitros" nos seus desafios.
Este caso, em que o clube catalão está acusado do crime de corrupção em negócios de forma continuada, vai ser apenso a um outro, resultado de uma denúncia apresentada nas últimas semanas pelo antigo árbitro e atual videoárbitro Estrada Fernández contra Negreira e a empresa Dasnil 95, por corrupção desportiva.
O caso Negreira levou a UEFA a pedir esclarecimentos ao clube, e chegou a colocar em causa a participação do Barcelona na presente edição da Liga dos Campeões, na qual os catalães integram o Grupo H, juntamente com o FC Porto.
Joan Laporta assumiu em 2021 o seu segundo período como presidente do Barcelona, depois de ter liderado o clube entre 2003 e 2010.