Um grupo de 25 membros da Iniciativa Liberal anunciou a desfiliação do partido com críticas aos atuais dirigentes.
Na carta a que a Renascença teve acesso, os 25 signatários falam “em falta de democracia interna, em clima de nepotismo e perseguição e ofensas a quem pensa de maneira diferente no partido”.
“Não foi isto que nos prometeram” é o título desta carta que começa por lembrar que, em 2019, quando Carlos Guimarães Pinto foi eleito presidente da IL, defendia-se uma rutura com as práticas instaladas dos partidos tradicionais, com ausência de “caciquismo, amiguismo e clientelismo” onde devia vigorar a meritocracia.
Este grupo de membros, que agora abandona o partido, diz que, após a eleição de João Cotrim Figueiredo para a Assembleia da República, o partido se transformou “em tudo aquilo de que padecem os partidos tradicionais, com ausência de democracia interna” e acrescentam a falta de “meritocracia na indicação e nomeação de cargos dirigentes, assessores e até mesmo candidatos nas listas eleitorais, onde se incluem atuais deputados, à existência de relações familiares e de amizade entre dirigentes do partido e assalariados da IL”, escrevem na carta onde apresentam as razões desta desfiliação.
Entre os 25 signatários estão Diogo Saramago, Nuno Carrasqueira, Diogo Prates, que foi cabeça de lista por Setúbal nas eleições legislativas de 2019, e Fernando Figueiredo, que foi candidato à câmara de Viseu nas últimas autárquicas.
Os críticos do rumo que o partido está a seguir dizem que a Iniciativa Liberal se transformou num “partido de regime, sem rasgo ou ambição".
“Neste seguimento, temos também testemunhado que é hoje claro que o caminho seguido pelo partido, fruto da cedência a minorias ruidosas, é o apoio e apelo a causas identitárias, num registo nem woke, nem anti-woke, de braço dado com as agendas da extrema-esquerda e esquerda radical”, lê-se na carta a que a Renascença teve acesso.
A terminar esta carta, os 25 signatários dizem que deixaram de acreditar neste partido, “lamentando que um projeto que podia, de facto, mudar Portugal, se tenha tornado numa caricatura daquilo que em 2019 se propôs”.
A decisão de anunciar esta desfiliação nesta data não é inocente, num período, sublinham, de comemoração do 25 de novembro.