A sonda HAKUTO-R M1 não terá conseguido aterrar na Lua, avança a ispace. A empresa japonesa já tinha perdido comunicações com o aparelho várias horas antes de oficializar o fracasso da missão.

Em comunicado publicado no seu website oficial, a ispace diz que o centro de controlo de Nihonbashi, em Tóquio, perdeu contacto com a sonda lunar por volta das 17h40 desta terça-feira (hora portuguesa). A segunda tentativa de restabelecer comunicações, por volta da meia-noite, também não teve sucesso.

Na última vez em que o centro de controlo obteve informações do aparelho, a HAKUTO-R M1 preparava-se, já em "posição vertical", para aterrar na superfície lunar. "Os engenheiros da ispace monitorizaram a propulsão restante estimada atingida no patamar mais baixo, mas pouco depois a velocidade de descida aumentou rapidamente."

"Depois disso, houve uma perda de comunicação. Com base nestes dados, determinou-se que há uma grande probabilidade de a sonda, eventualmente, ter tido uma aterragem violenta na superfície da Lua", conclui a ispace.

Segundo a Reuters, o CEO e fundador da empresa nipónica, Takeshi Hakamada, assumiu o fracasso da missão num vídeo em direto: "Não conseguimos completar a aterragem na superfície lunar".

Ainda assim, Hakamada acredita que a equipa "conseguiu cumprir para com o significado da missão, ao recolher imensos dados e experiência na fase de execução da aterragem". "O que é importante é obter conhecimento para a Missão 2 e outras posteriores, para que possamos aproveitar estas experiências ao máximo."

De acordo com a mesma nota da ispace, a empresa considerou a maioria da Missão 1 "um sucesso", graças à informação e ao know-how recolhidos. A empresa espera, assim, "melhorar a maturidade tecnológica para a Missão 2, em 2024, e a MIssão 3, em 2025".

O presidente da Agência de Exploração Espacial do Japão (JAXA, na sigla inglesa), Hiroshi Yamakawa, mostrou-se "orgulhoso" da tentativa da ispace e "respeita os esforços de todos os envolvidos", prometendo continuar a colaborar com a empresa em missões futuras.

O fracasso do HAKUTO-R M1 soma-se a outros capítulos de tentativas de aterragem de uma sonda lunar por parte de empresas privadas. Até ao momento, diz a Reuters, apenas EUA, União Soviética e China conseguiram tal feito.

O azar da exploração espacial financiada por entidades privadas parece não desaparecer. Já na semana passada, o foguetão da SpaceX, o Starship, explodiu apenas quatro minutos após a descolagem num voo de teste. Elon Musk, dono da empresa norte-americana, dizia ser "já uma vitória" só o facto de ter saído da plataforma de lançamento.