A Protecção Civil vai ser acusada pelas mortes em Pedrogão Grande, avança o Expresso deste sábado. O jornal revela o que diz ser a "lógica da acusação", que "está praticamente pronta" e deve ficar concluída no prazo máximo de duas semanas. Segundo a notícia hoje avançada, só não se sabe se vão ser imputados aos principais arguidos 64, 65 ou 66 homicídios por negligência.
Confrontada pela Renascença, fonte do gabinete do Ministério da Administração Interna recusou comentários.
O Ministério Público quer, segundo o Expresso, demonstrar, em tribunal, que as vidas perdidas no incêndio podiam ter sido salvas. A acusação sustenta que a protecção das populações foi descurada, não houve alertas da Protecção Civil nem medidas de evacuação.
De acordo com a fonte judicial contactada pelo Expresso, a procuradora Ana Simões, do DIAP de Leiria, sustenta que o fogo “podia ter sido extinto ainda no ponto de ignição, em Escalos Fundeiros – um raio, de acordo com a investigação da PJ, terá provocado o fogo, mas a acusação vai dizer que as causas são indeterminadas – se a EDP tivesse cumprido a lei e limpado a ‘cobertura vegetal’ que está debaixo dos cabos elétricos”.
“Por causa disso, um borralho transformou-se num incêndio”, revela a mesma fonte ao semanário. Segundo o jornal, a EDP não vai ser acusada porque a lei não o permite. Será o funcionário responsável por essa missão especifica a ser responsabilizado criminalmente.
O Ministério Público diz também que a Nacional 236-1 devia ter sido fechada pelas autoridades. Foi nessa estrada que morreu a maior parte das vitimas do incêndio, em junho do ano passado.
As acusações mais graves, de acordo com o Expresso, são dirigidas aos comandantes operacionais do combate ao incêndio de 17 de junho de 2017: Mário Cerol, António Arnaut e Sérgio Gomes.
O processo tem 18 arguidos, que respondem por, pelo menos, 64 crimes de homicídio por negligência e centenas de crimes de ofensas corporais agravadas.