Antes da invasão da Ucrânia pela Rússia apenas 25% dos finlandeses eram favoráveis à entrada do seu país na NATO. Semanas depois do início da invasão, a adesão da Finlândia à NATO passou a ser apoiada por 76% dos finlandeses, apesar das ameaças de Moscovo.
Esta mudança de opinião é perfeitamente racional. Os finlandeses viram na guerra da Ucrânia a repetição de muito daquilo que a Rússia soviética os tinha feito passar.
A Finlândia tornou-se um país independente em 1917, ano da vitória bolchevique na Rússia. Em 1939 a União Soviética invadiu a Finlândia. Nessa altura Moscovo não lhe chamou invasão nem guerra, apenas uma “operação militar” para “libertar” os finlandeses.
Os finlandeses ofereceram uma resistência inesperada contra o muito superior poderio militar da União Soviética. Durante anos travou-se uma guerra entre a União Soviética e a Finlândia, na qual morreram cerca de 80 mil soldados finlandeses; os militares soviéticos multiplicaram bombardeamentos de cidades e ataques contra civis na Finlândia.
No acordo de paz assinado pelos dois países em 1948 Moscovo impôs duras condições à Finlândia, como a cedência à URSS de 10% do território finlandês e um estatuto de neutralidade à Finlândia, que se comprometeu a não entrar em qualquer aliança contra a União Soviética. Era a subordinação da política externa de Helsínquia a Moscovo.
É extraordinário como os atuais dirigentes russos não deram conta do paralelismo com o que eles agora fazem à Ucrânia. Ou, se repararam nesse paralelismo, não lhe deram importância. E como aparentemente foram surpreendidos com a viragem na Finlândia e na Suécia, países neutrais há décadas que agora querem ingressar na NATO, para se defenderem dos russos.
Note-se que naqueles dois países são as respetivas opiniões públicas que querem abrigar-se na NATO. Mas isso é coisa que os líderes de um país ditatorial como é a Rússia de Putin têm dificuldade em entender.