As temperaturas anormalmente altas e a falta de neve estão a colocar em risco a época de inverno nas estâncias de esqui em grande parte dos Alpes.
Passou o Natal, o fim de ano e estes primeiros dias de 2023 não acalentam grandes esperanças, nem para os empresários que fazem do negócio o sustento, nem para os amantes deste desporto.
Um inverno pouco rigoroso na Europa central, apenas com chuva, deixou a cadeia montanhosa com muito menos neve do que o normal.
Por exemplo, na estância turística de Adelboden, na Suíça, procurada para os desportos de inverno, as temperaturas de Ano Novo atingiram uns inéditos 20 graus centígrados, a mais alta de sempre verificada em janeiro, com as encostas, habitualmente brancas, a apresentarem-se verdes e castanhas.
Mesmo a dois mil metros de altitude, de acordo com a imprensa internacional, a temperatura estava acima de zero. Inclusive, na famosa pista de Chuenisbärgli, em Adelboden, está a ser necessária a ajuda dos canhões de neve, bem como uma ligeira descida da temperatura no topo da pista, para que seja possível realizar um campeonato mundial nos próximos dias.
Na Suíça, algumas estâncias acabaram até por abrir as suas pistas de ciclismo, usadas sobretudo no Verão, como alternativa aos desportos de Inverno, na tentativa de manterem por lá os turistas.
Outras não tiveram essa sorte e, simplesmente, encerraram os seus elevadores de esqui por tempo indeterminado.
Nada que os especialistas em clima e meio ambiente não tivessem já alertado. O aquecimento global, há muito que advertem, provocará invernos mais quentes e húmidos.
Porém, a par da redução dos glaciares alpinos, o ritmo a que as estações de esqui se estão a tornar inviáveis parece estar também a acelerar.
Hacher Bernet é diretor da estância de Slügen-Tampo, também na Suíça, e assegura que “a neve não é constante e está bastante molhada”, dando a sensação de que “estamos na primavera”.
Em muitas das conhecidas e mais frequentadas estâncias de esqui, a neve é quase uma miragem. Da França à Polónia, numa faixa de território com os Alpes pelo meio, muitas partes da Europa desfrutam atualmente de um clima particularmente quente.
As previsões dizem que está a caminho “uma frente fria” que pode trazer as habituais temperaturas baixas e neve. É também a expetativa dos amantes dos desportos de inverno e, sobretudo, das regiões cuja economia depende destas atividades.