O líder do PSD acusou esta segunda-feira o ministro da Cultura de “arrogância e pedantismo intelectual”, considerando que Pedro Adão e Silva “nunca deixou de ser funcionário da narrativa socialista” apesar da “pretensa independência de opinião”.
Numa publicação na rede social Twitter, em que partilha uma notícia sobre a polémica em torno das declarações do governante sobre a comissão de inquérito à TAP, Luís Montenegro afirmou que o ministro Adão e Silva "mostra arrogância e pedantismo intelectual".
Segundo o líder do PSD, há anos que o ministro da Cultura “discorre pretensa independência de opinião mas nunca deixou de ser funcionário da narrativa socialista”.
Pedro Adão e Silva tinha reiterado esta manhã as críticas à forma como decorreram os trabalhos da comissão de inquérito à TAP, recusando “suspender o espírito crítico” sobre o funcionamento da Assembleia da República.
“Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao funcionamento do parlamento”, afirmou o governante.
Adão e Silva falava aos jornalistas em Vila Viçosa, no distrito de Évora, sobre a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como “procuradores do cinema americano de série B da década de 80” na comissão de inquérito à TAP.
Na sequência da entrevista, no domingo, o presidente da comissão de inquérito à TAP, António Lacerda Sales, considerou, em declarações à Lusa, que as afirmações do ministro foram uma “falta de respeito” e uma “caracterização muito injusta” do trabalho dos deputados, pedindo que se retrate.
“Isto parece-me uma falta de respeito pelo trabalho dos senhores deputados, da comissão e do próprio parlamento. Relembro que o Governo responde ao parlamento. Nenhum político está isento de respeitar as instituições, por maioria de razão o parlamento, especialmente os ministros”, reagiu então Lacerda Sales.
O ministro disse hoje acreditar que a sua opinião sobre os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP “é partilhada por muitos portugueses”, considerando que “houve alguns momentos que não edificam a democracia”.
“Não se compreendem inquirições noite fora, apreensões de telemóveis em direto, perguntas sobre com quem está a trocar mensagens de SMS (serviço de mensagens curtas) naquele momento e o tom inquisitório”, frisou.
Admitindo que “nem todos os deputados tenham espírito critico”, Pedro Adão e Silva propôs uma reflexão “sobre a relação entre estes trabalhos nas comissões de inquérito e a forma como eles se transformam e traduzem num longo comentário televisivo”.
“Estamos a abrir portas para uma lógica de ‘reality show’ que degrada todas as instituições e isso foi particularmente visível no funcionamento desta comissão parlamentar de inquérito e na sua transmissão posterior com um longo comentário televisivo”, frisou.