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O Papa Francisco manifestou esta terça-feira a disponibilidade do Vaticano para mediar a crise política na Venezuela, se as duas partes o solicitarem.
Em declarações aos jornalistas na viagem de avião de regresso dos Emirados Árabes Unidos, o Papa confirmou que o Presidente Nicolás Maduro, contestado pelo Presidente interino, Juan Guaidó, lhe escreveu uma carta, que Francisco ainda não leu.
“Vou ler a carta e ver o que pode ser feito, mas a condição inicial é que ambos os lados o peçam. Nós estamos à disposição”, garantiu o Sumo Pontífice.
O Papa sublinha que a mediação formal do Vaticano deve ser encarada como um último passo da diplomacia para tentar resolver o braço de ferro.
Francisco defende que é preciso dar passos prévios, tanto pelo Vaticano como por outros membros da comunidade internacional.
Nicolás Maduro disse na segunda-feira, à televisão italiana Sky TG24, que enviou uma carta ao Papa a pedir “ajuda no processo de facilitação e reforço do diálogo” na Venezuela.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Portugal também já reconheceu o jovem político como Presidente interino.
Nicolás Maduro, 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.
“Boa vontade” para acabar com a guerra no Iémen
Nestas declarações aos jornalistas a bordo do avião, o Papa Francisco também disse que encontrou “boa vontade”, durante as reuniões privadas com líderes dos Emirados, para o início de um processo de paz para acabar com a guerra no Iémen.
“Eu falei sobre essa questão, mas apenas com algumas pessoas”, respondeu o Papa, questionado se abortou o tema com o príncipe herdeiro Sheikh Mohammed bin Zayed al-Nahyan e outros responsáveis.
“Devo dizer que encontrei boa vontade para iniciar o processo de paz”, salientou Francisco.
Os Emirados Árabes Unidos integram a coligação liderada pela Arábia Saudita que combate os houthis no Iémen.