Com o regresso das temperaturas altas no próximo fim de semana, o número de pessoas nas praias pode ser elevado, contudo, os areais deverão continuar sem nadadores salvadores, devido à falta de financiamento e de recursos humanos. Atualmente, em Portugal, apenas três praias contam com vigilância ao longo de todo o ano.
Uma situação que Alexandre Tadeia, presidente da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores (FEPONS), relaciona com questões económicas, que considera incompreensíveis, referindo ainda que o turismo sai claramente a perder.
"Isto tem a ver com questões económicas. A nossa época balnear é decretada por uma portaria. Também sabemos que só é obrigatória a presença de um nadador-salvador na época balnear e o que tem acontecido é que as épocas balneares são cada vez mais pequenas".
"O que nós defendemos é que as as praias portuguesas deviam ter assistência a banhistas durante todo o ano, porque elas têm frequência durante todo o ano e, portanto, estar a dizer que apenas é necessária assistência nas praias portuguesas durante a época balnear é algo muito redutor", refere.
Alexandre Tadeia reconhece que faltam nadadores salvadores sazonais, mas defende que haveria muitos disponíveis, se o trabalho fosse 12 meses por ano.
"Dizer que 'não há assistência a banhistas durante o ano inteiro, porque há falta de nadadores salvadores' é também um erro enorme, porque nós temos muitas pessoas que, sendo nadadores salvadores, gostariam de trabalhar durante todo o ano. Mas, infelizmente, não é possível", refere Alexandre Tadeia.
"Em Portugal, apenas, neste momento, Matosinhos, Nazaré e Carcavelos são praias com nadadores salvadores durante todo o ano. Em todo o resto do país, as câmaras municipais continuam a empurrar para os concessionários a competência da assistência a banhistas e acham que não é importante ter vigilância fora da época balnear", acrescenta.
O presidente da Federação de Nadadores Salvadores não tem dúvida de que o Estado empurrou para as autarquias uma competência, mas esqueceu-se de atribuir as devidas compensações.
"O que se passa é que a assistência a banhistas é uma competência que foi transferida para o Estado já desde 2018, para as autarquias, mas não foi transferida para as autarquias uma forma de financiamento. Portanto, as autarquias neste momento não estão disponíveis para assumir essa responsabilidade, não tendo uma forma de a financiarem", justifica, explicando que a assistência a banhistas é, por isso, entregue na maior parte do país aos concessionários que, "obviamente, não têm capacidade financeira".
Alexandre Tadeia refere que esta falta de vigilância pode afetar o turismo, uma vez que não há segurança nas praias, e que a importância desta medida se reflete no número de mortes que se verificou no último fim de semana.
O presidente da Federação de Nadadores Salvadores aponta ainda uma "claríssima falta dos salvadores nos últimos anos", que se deverá agravar perante a falta de condições e "incentivos à profissão", sendo que a maioria são estudantes.
Só no fim de semana da Páscoa, a a Autoridade Marítima Nacional resgatou 33 pessoas em apuros no meio aquático, segundo um balanço hoje divulgado.
Os 33 resgates, em zona de jurisdição da Autoridade Marítima Nacional, aconteceram entre sexta-feira e domingo passados. No balanço, a autoridade nota que registou nos três dias uma grande afluência junto das praias.
E perante a continuação do “bom tempo” reforça recomendações como as de vigiar permanentemente crianças, evitar comportamentos de risco ou não virar as costas ao mar.