Presidente e MNE lamentam exclusão do continente do corredor aéreo britânico
10-09-2020 - 20:24
 • Lusa

Ministro dos Negócios Estrangeiros frisou que continuará a ser enviada para o Governo britânico a informação relativa à evolução da Covid-19 no país.

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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criticou esta quinta-feira a decisão do Reino Unido de deixar Portugal continental de fora do corredor aéreo, o que implica que quem viaja do continente português para o Reino Unido terá de se isolar durante 14 dias.

Marcelo diz que se fica com "uma sensação de injustiça" por esta decisão.

"Ficamos sempre com uma certa sensação de injustiça, uma vez que nós não fechamos a entrada a países que têm situações bem mais complicadas e difíceis do que a nossa. E também uma sensação de injustiça porque nem todo o território continental está na mesma situação."

"É compensado pela alegria de ver que Açores e madeira não são atingidos, mas no sentido contrário o Algarve é muito punido por esta situação, e injustamente punido, por esta decisão", disse o Presidente.

Também o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva, lamentou esta quinta-feira a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países seguros.

"Lamentamos a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países isentos de quarentena, mas valorizamos a manutenção dos Açores e da Madeira", reagiu o MNE no Twitter, depois de o Governo britânico ter anunciado hoje que a partir de sábado quem regresse do continente terá de cumprir duas semanas de isolamento ao chegar ao Reino Unido.

O ministro acrescentou, na mesma publicação, que as regras sanitárias implementadas em Portugal têm controlado a Covid-19.

"As nossas regras sanitárias e a eficácia do nosso SNS [Sistema Nacional de Saúde] têm reconhecidamente permitido controlar os efeitos da pandemia", pode ler-se na conta oficial do MNE no Twitter.

Santos Silva frisou que continuará a ser enviada para o Governo britânico a informação relativa à evolução da Covid-19 no país.

"Portugal continuará a remeter toda a informação sobre a evolução da situação epidemiológica no espírito de total transparência que caracteriza o nosso diálogo com o Reino Unido", acrescentou.

Portugal foi incluído na lista dos países com "corredores de viagem" com o Reino Unido há três semanas, em 20 de agosto, porém o aumento contínuo do número de casos de infeção em Portugal terá pesado na decisão, que era esperada na semana passada, quando ultrapassou o valor de 20 casos por 100 mil habitantes.

Quem chegar a Inglaterra a partir dos destinos definidos pelo Governo depois das 4h00 de sábado, precisará cumprir 14 dias de quarentena. De fora ficam a Madeira e os Açores.

O ministro dos Transportes, Grant Shapps, na rede social Twitter, explicou que, graças a um tratamento de informação mais aprimorado, o Governo britânico tem agora a capacidade de avaliar ilhas separadas dos territórios continentais e passou a instituir "corredores de viagem regionais".

A Escócia já tinha excluído Portugal da sua lista de "corredores internacionais" a partir de 5 de setembro, enquanto que o País de Gales aplicou restrições um dia antes, mas também manteve a Madeira e Açores isentos de quarentena.

O governo autónomo da Irlanda do Norte ainda não anunciou uma alteração nas restrições, mas em geral acompanha as decisões de Londres.

Portugal contabilizou hoje 585 novos casos de infeção relacionados com a pandemia de Covid-19 e na véspera tinha registado 646, mais do dobro das registadas na terça-feira.

O índice de transmissibilidade efetivo (Rt) encontra-se atualmente nos 1,12, um valor considerado de risco.

A situação epidemiológica de Covid-19 em Portugal agravou-se desde meados de agosto, de acordo com um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), tendo sido registadas 3.909 novas infeções entre 17 e 30 de agosto.

A lista de "corredores de viagem" tem atualmente menos de 70 países e territórios, tendo sido excluídos desde julho Suíça, República Checa e Jamaica, Croácia, Áustria e a ilha de Trinidade e Tobago, França, Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas Turcas e Caicos e Aruba, Bélgica, Andorra, Bahamas, Espanha e Luxemburgo.

Cuba, Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Grenadinas, Brunei e Malásia foram adicionados nas semanas anteriores.