O Patriarca da principal igreja cristã no Iraque, o cardeal Louis Raphael Sako, teme que o seu país se transforme num “campo de batalha” entre americanos e o Irão.
Num comunicado publicado no site do Patriarcado da Igreja Caldeia, uma Igreja católica de rito oriental, o cardeal diz que os iraquianos “ainda estão em choque com o que aconteceu esta semana”, referindo-se à morte do general Qassem Soleimani, morto por um ataque aéreo americano junto ao aeroporto de Bagdad. Soleimani era uma das principais figuras do regime iraniano e coordenava várias milícias xiitas em diferentes países da região, incluindo no Iraque.
Segundo Sako as pessoas “têm medo de que o Iraque se transforme num campo de batalha, em vez de uma pátria soberana capaz de proteger os seus cidadãos e riquezas”.
O líder católico, cujo título oficial é Patriarca da Babilónia, pede que a tensão entre o Irão e os Estados Unidos seja resolvida à volta da mesa, numa reunião em que todos possam dialogar de forma razoável e civilizada, poupando assim o Iraque a “consequências inesperadas”.
O comunicado termina com o apelo a Deus para que “conceda ao Iraque e à região a ‘vida normal’ pacífica, estável e segura que ansiamos”.
As declarações do cardeal Sako surgem pouco depois de um dos seus bispos auxiliares, Shlemon Warduni, ter expressado, em entrevista à Rádio Vaticano, a preocupação dos cristãos com a situação local.
“Todos têm medo que estamos a caminho de uma guerra e isso seria uma coisa terrível, porque a família iraquiana já está espalhada por todo o mundo, um filho neste país, um filho naquele, e por aí adiante. Não temos paz, é por isso que só queremos +az e tranquilidade”.
“O mundo inteiro está de pernas para o ar. Em vez de semear a paz semeia-se o ódio. Agradecemos ao Santo Padre, mas pedimos ao mundo inteiro que reze, que volte a Deus. Isto é o mais importante, porque afastando-se de Deus, todo o mal possível é feito”, afirmou o bispo.
Da parte do Irão também chegam vozes de preocupação da pequena e antiga comunidade cristã. Em entrevista, novamente à Rádio Vaticano, o núncio apostólico Leo Boccardi disse que “o conflito tem de ser rejeitado” para que se possa pegar “nas armas da justiça e boa-vontade”.