As negociações políticas entre as fações líbias para avançar rumo à formação de um Governo unificado e temporário que prepare as eleições de dezembro registaram progressos este sábado, com uma proposta concreta, segundo a ONU.
A proposta resultou das reuniões realizadas em Genebra desde quarta-feira por 18 membros de um grupo consultivo do Fórum Líbio para o Diálogo Político (FLDP), um órgão “ad hoc” composto por 75 funcionários eleitos de toda a Líbia, explicou a representante das Nações Unidas no processo, Stephanie Williams.
“Creio que esta proposta representa o melhor compromisso possível, porque respeita a dimensão regional e encoraja todos a trabalharem entre as divisões, respeitando os princípios de inclusão, transparência e uma representação justa das diferentes regiões e grupos populacionais”, disse Williams numa conferência de imprensa virtual, em Genebra, citada pela EFE.
A proposta do comité consultivo será votada pelo FLDP na segunda-feira e o resultado será anunciado no dia seguinte.
Para ser aprovada, terá de reunir 63% dos votos e, caso isso não aconteça, será realizada uma segunda volta dois dias depois e, desta vez, o limite para vencer a votação será de 50% dos votos mais um.
Se for aprovada, terá início um processo de nomeação de candidatos para formar o Governo de transição, que terá como principal responsabilidade "criar as condições" para que no dia 24 de dezembro se realizem as eleições gerais previstas na Líbia.
Williams disse que o executivo transitório também será chamado a lançar iniciativas de reconciliação nacional, de combate à corrupção e de envidar todos os esforços possíveis para restabelecer a oferta de serviços públicos à população.
Stephanie Williams disse que estão ainda a trabalhar no caminho das negociações militares para o destacamento de observadores civis internacionais do cessar-fogo atualmente em vigor no país.
“Estamos a trabalhar nisso. O positivo é que há calma na Líbia e isso certamente ajuda no processo de paz. É muito diferente do que aconteceu em fevereiro passado, quando também nos encontrámos em Genebra e havia bombas a cair em Trípoli. Era difícil conversar", disse a responsável da ONU.
Williams reconheceu, no entanto, que esta calma é frágil e que por isso é necessário consolidar os avanços rumo à paz e enfrentar as causas profundas que levaram este país à guerra civil.
Os Estados Unidos saudaram o avanço e exortaram todas as partes da Líbia "a trabalharem com urgência e de boa fé" para estabelecer um governo interino, de acordo com um comunicado da Embaixada dos EUA na Líbia, citado pela AP.