A investigadora do Centro de Investigação em Estudos da Criança Fernanda Leopoldina Viana acredita que a resposta para a questão da utilização dos telemóveis nas escolas "não pode ser uma imposição".
"Tem de haver um trabalho com os alunos para eles perceberem o que estão a perder quando estão no telemóvel", defende a investigadora, que acredita que devem ser os adultos a proporcionarem melhores alternativas às crianças, até porque "o telemóvel pode fazer parte do processo de aprendizagem".
"Por exemplo, ninguém nega a utilidade de uma faca mas, se mal utilizada, é uma arma branca. Ninguém nega a utilidade da tecnologia. O problema está nesse uso da tecnologia, no isolamente social a que estamos a assistir, ao sobreuso da tecnologia."
A resposta tem de estar, por isso, nos adultos. "Quando as crianças têm algo mais interessante que um telemóvel, eles eventualmente optam por isso. Temos de lhes dar coisas interessantes", defende.
"Estamos no mundo da tecnologia, não podemos dizer que não estamos. Vamos tentar usá-la de um modo criterioso", remata a investigadora durante o primeiro dos debates da conferência "A cidade como motor de transformação social", que decorre esta sexta-feira no salão nobre dos Paços de concelho de Paços de Ferreira, e onde também participaram Luís Carlos Lobo, delegado regional de Educação do Norte, e Ana Lourenço, psicóloga do setor da Atividade Lúdica e da Humanização do Instituto de Apoio à Criança.
O debate é moderado pelo jornalista da Renascença, José Pedro Frazão, e passou pelo papel das políticas públicas e locais, havendo também espaço para falar das cartas educativas dos municípios e do efeito das migrações nos espaços escolares.