Rui Rio colocou o seu futuro como líder do PSD nas mãos do eleitorado. O mesmo é dizer no resultado que o partido alcançar no próximo domingo.
Entrevistado esta segunda-feira pela Renascença, o presidente do PSD garantiu que não se demite, seja qual for o resultado, mas se a votação for a mesma ou ficar abaixo de 2017, Rio admite não se recandidatar.
"Só tenho uma meta na minha cabeça naquilo que me possa fazer não ficar: é fazer igual ou pior, ou muito pouquinho melhor", disse o líder social-democrata.
“Se houver uma descida ou ficar igual é mau”, rematou Rio.
Mas o assunto do dia foi, ainda, a promessa de António Costa de dar uma “lição exemplar” à Galp pelo que disse ser a insensibilidade revelada pela empresa no processo que culminou com o encerramento da refinaria de Matosinhos que lançou no desemprego 500 trabalhadores diretos e cerca de mil indiretos.
Rio aproveitou a deixa para, precisamente numa ação de campanha em Matosinhos, dizer que este foi o episódio em que Costa, líder do PS, desmentiu “formalmente” Costa primeiro-ministro que, em maio, apontou o fecho da refinaria de Matosinhos como “um exemplo dos desafios que se colocam no domínio ambiental e que exigem um pilar social forte na Europa para a criação de oportunidades de emprego”.
“O PS tem consciência de que as eleições autárquicas lhe podem correr mal, quando um homem experiente como o dr. António Costa mente desta forma tão descarada no mesmo sítio no mesmo espaço de quatro meses”, acrescentou Rio.
Bazuca ou metralhadora?
Certo é que, da esquerda à direita, o coro de críticas foi sempre a subir.
Antes desta ação de campanha em Matosinhos, Rio apelidou o primeiro-ministro e líder socialista de “metralhadora”.
A frase parecia engatilhada desde que começaram a surgir as acusações de Costa está a usar a ‘bazuca’ europeia para fazer campanha.
Para o líder social-democrata, Costa já não é uma bazuca que dispara “tiro a tiro”, mas uma metralhadora. Fazendo uso de dotes onomatopaicos, Rio levou o exemplo ao limite da demonstração para que não restassem dúvidas.
Mais à esquerda, a coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou o que disse ser o “exercício de cinismo” de António Costa em relação à Galp, considerando que o primeiro-ministro “não pode estar chocado” depois de nada ter feito para impedir os despedimentos.
E Jerónimo de Sousa, do PCP, acusou o primeiro-ministro de estar agora a “carpir mágoas” pelos trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos, quando a “passividade e cooperação” do Governo permitiram que o despedimento coletivo acontecesse.
“Bem pode o primeiro-ministro vir carpir mágoas sobre os trabalhadores, como ainda ontem se viu, ao acusar a Galp de falta de consciência social a propósito dos despedimentos. Como se o capital monopolista, como se as grandes empresas, tivessem coração em vez de um cifrão”, sustentou o secretário-geral comunista, durante um contacto com a população de Odemira, no distrito de Beja.
Já o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, em campanha pela Madeira, aconselhou Costa a não ser um “papão dos empresários”, criticando a postura que assumiu sobre a Galp, quando deu o encerramento da refinaria de Matosinhos como exemplo de aposta nos desafios ambientais.
Em declarações à Lusa em Braga, o presidente da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim Figueiredo, criticou o "radicalismo" das declarações de António Costa sobre a Galp, sublinhando que um responsável político “não pode ameaçar uma empresa”, seja ela pública ou privada.
Já André Ventura, presidente do Chega disse, em Santarém, que as declarações do primeiro-ministro e líder socialista sobre o comportamento da Galp em Matosinhos são de “uma grande hipocrisia”.
E, como ao sétimo dia, o tema do PRR continua a dominar a campanha eleitoral, Inês Sousa Real, porta-voz do PAN, fez a ponte entre os milhões da ‘bazuca’ e o encerramento da refinaria da Galp em Matosinhos que, segundo defende, deve salvaguardar as questões laborais e ambientais.
“O PRR não pode servir de bandeira eleitoral”, avisou Inês Sousa Real.