A ONU estimou esta segunda-feira em mais de 880 mil pessoas o total de pessoas afetadas pelas inundações que assolaram o leste da Líbia na semana passada, calculando em cerca de 40 mil o número de pessoas desalojadas devido ao ciclone Daniel.
Num comunicado, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), que disse ter analisado a situação com as autoridades líbias do leste do país, refere que, antes das inundações e da tempestade, cerca de 300 mil pessoas necessitavam já de assistência humanitária, total que quase triplicou.
Nesse sentido, a OCHA considerou os acontecimentos como “catastróficos” e indicou ter já desbloqueado 10 milhões de dólares (9,37 milhões de euros) em fundos de emergência para acelerar uma primeira resposta, montante que considera, porém, “insuficiente”, dado que estão em causa 884 mil pessoas em cinco províncias líbias.
A agência da ONU pediu 71,4 milhões de dólares (cerca de 67 milhões de euros) para ajudar 250 mil pessoas afetadas durante os próximos três meses.
A dimensão exata da tragédia ainda é desconhecida, mas o relatório da OCHA aponta para o possível desaparecimento de 30% do que foi Derna, a cidade mais afetada pelas inundações, e de cerca de 2.200 edifícios danificados.
Além disso, as principais estradas continuam bloqueadas e a eletricidade e outros fornecimentos básicos continuam cortados.
A zona de Derna regista o maior número de deslocados, cerca de 40 mil, mas a Organização Internacional para as Migrações (OIM) constatou também que alguns dos desalojados se deslocaram para mais longe. Em Benghazi, mais a oeste, há já cerca de 2.500 deslocados.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) distribuiu cobertores, lonas de plástico e utensílios de cozinha a 6.200 famílias deslocadas em Derna e Benghazi.
Por outro lado, as autoridades da Grécia confirmaram a morte de cinco membros de uma equipa de salvamento grega num acidente rodoviário na Líbia, pouco depois de terem chegado no domingo para participar nas operações de busca e salvamento.
Três membros de uma família líbia que se encontravam no carro que colidiu com o veículo da equipa grega também morreram e dois outros ficaram gravemente feridos, segundo o ministro da Saúde líbio do governo do leste do país, Othman Abdeljalil.
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, descreveu o acidente como “trágico”, “que infelizmente matou cinco membros da delegação grega” e lamentou o facto de a tragédia ter ocorrido “quando estavam a cumprir o seu nobre dever de humanitarismo e solidariedade internacional”.
“O país inteiro está de luto”, escreveu hoje Mitsotakis na página pessoal da rede social Facebook, lembrando que o “horrível acidente” ocorreu quando a equipa grega se dirigia de Bengazi para Derna, 300 quilómetros a leste, disse o ministro líbio.