A autoridade sanitária do Brasil suspendeu os ensaios clínicos da vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac, contra o novo coronavírus, após a morte de um voluntário.
Segundo o jornal "Folha de S. Paulo", a vítima era um homem de 33 anos, que morreu a 29 de outubro. Neste ensaio participavam mais de dez mil voluntários.
Em comunicado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que decidiu interromper o ensaio clínico da vacina Coronavac "após a ocorrência de um evento adverso grave". Não foram dadas mais informações sobre o incidente.
"Com a interrupção do estudo, nenhum novo voluntário poderá ser vacinado", precisou a agência, acrescentando que vai "avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade" dos testes.
No entanto, o diretor do Instituto Butantan, de São Paulo, parceiro dos chineses na produção da vacina, garante que que o óbito não está relacionado com a Coronavac. Por isso, Dimas Covas não compreende a interrupção dos ensaios. “É um óbito e não é relacionado com a vacina, ou seja, como são mais de dez mil voluntários neste momento e pode acontecer uma morte…um sujeito pode ter um acidente e morrer”, explicou.
A suspensão dos ensaios clínicos da Coronavac ocorreu um dia depois de o gigante farmacêutico norte-americano Pfizer anunciar que a sua vacina contra a Covid-19 alcançou 90% de eficácia nos testes.
As vacinas candidatas da Pfizer e Sinovac estão em ensaios da Fase 3, a última fase antes de receberem aprovação regulamentar.
Ambas estão a ser testadas no Brasil, o segundo país mais afetado pela pandemia, com mais de 162.000 mortes.
A Coronavac, que está igualmente a ser testada na China, Turquia, Bangladesh e Indonésia.
Bolsonaro, que se mostra cético em relação à gravidade da pandemia e se declara anticomunista, também determinou que a vacinação contra a Covid-19, que já causou quase 156 mil mortes e mais de 5,3 milhões de infetados no Brasil, não será obrigatória.
Toda a situação gerou uma forte polémica no país e transformou a distribuição da futura vacina numa batalha altamente politizada entre o chamado “Bolsonarismo” e a oposição, tanto conservadora quanto de esquerda.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de mortos (mais de 5,6 milhões de casos e 162.397 óbitos), depois dos Estados Unidos.