O ex-piloto brasileiro Nelson Piquet pediu hoje desculpas ao piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton sobre um comentário proferido durante uma entrevista no ano passado, em que chamou o britânico de 'neguinho'.
"O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinónimo de 'cara' ou 'pessoa' e nunca teve a intenção de ofender", diz uma nota oficial divulgada por Piquet.
"Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele", acrescentou.
O ex-piloto brasileiro também ressaltou desejo de pedir "desculpas de todo o coração a todos os que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em alguns 'media' que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito", concluiu.
Na terça-feira, Hamilton respondeu na rede social Twitter a uma declaração de Piquet em trechos de uma entrevista que foram divulgados na segunda-feira, em que este chamou o heptacampeão britânico de "neguinho".
"Vamos focar em mudar a mentalidade", escreveu Hamilton em português na sua conta no Twitter.
A polémica ocorreu com a publicação de trechos de uma entrevista concedida por Piquet ao jornalista Ricardo Oliveira, em novembro de 2021, em que o ex-piloto brasileiro chama Hamilton de "neguinho", ao comparar os acidentes envolvendo Ayrton Senna e Alain Prost, em 1990, na largada do Grande Prémio do Japão, e o que ocorreu 31 anos depois, no Grande Prémio da Inglaterra, entre Hamilton e Max Verstappen.
Na sequência da revelação da declaração de Piquet sobre Hamilton, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) divulgou na sua página oficial uma mensagem a condenar "veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no desporto ou na sociedade em geral".
"Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não faz parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso desporto e merece respeito", defenderam também nas redes sociais os organizadores da F1, considerando: "Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1".
Dois anos antes, Hamilton criticou os comentários "ignorantes e sem educação" do ex-chefe da F1 Bernie Ecclestone. Hamilton ficou chocado com a afirmação de Ecclestone durante uma entrevista à emissora CNN de que, "em muitos casos, os negros são mais racistas" do que os brancos.
Piquet venceu a F1 três vezes na década de 1980 e 23 corridas. A sua filha Kelly Piquet é namorada de Verstappen.