O Governo do Reino Unido declarou esta quinta-feira que Nicolás Maduro "não é o líder legítimo" da Venezuela, um dia depois de Juan Guaidó, líder da oposição (Vontade Popular) e chefe da Assembleia Nacional, se ter proclamado Presidente interino do país, com o apoio declarado da administração norte-americana de Donald Trump.
A declaração foi proferida pelo ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt, citado pela Reuters e outras agências. "O Reino Unido acredita que Juan Guaidó é a pessoa certa para levar a Venezuela avante. Estamos do lado dos Estados Unidos, do Canadá, do Brasil e da Argentina para que isto aconteça”, lembrou Hunt.
Também hoje, e durante a reunião, em Washington, da Organização dos Estados Americanos (OEA), o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, voltou a reforçar a posição da Administração Trump, lembrando que Maduro deixou a Venezuela numa situação de "bancarrota moral", o que faz dele um Presidente "ilegítimo" no Palácio de Miraflores, a sede da presidência.
"Temos uma oportunidade decisiva para apoiar a Venezuela na transição democrática", apelou Pompeo à OEA, lembrando que, caso Nicolás Maduro abandone o poder de imediato, os EUA enviarão 20 milhões de dólares em ajuda humanitária para o país.
Na quarta-feira, recorde-se, Donald Trump não descartava uma intervenção militar dos EUA na Venezuela. Segundo o Presidente norte-americano, “todas as opções estão em cima da mesa”.
A intervenção hipótese de intervenção militar foi igualmente abordada por um alto funcionário da Administração Trump, que, citado por várias agências, a admitiu caso “Maduro e os seus lacaios escolham responder com violência e causar danos a qualquer dos membros da Assembleia Nacional”.
Esta quinta-feira, a Rússia, que prontamente se posicionou ao lado de Maduro, deixou uma ameaça a Trump: uma intervenção militar na Venezuela vai desencadear "uma catástrofe".
As declarações são do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Ryabkov, que em entrevista ao jornal russo International Affairs lembrou que Moscovo está "alerta" em relação às intenções norte-americanas em território venezuelano.
"Nós consideramos que isso [intervenção militar] seria um cenário catastrófico que abalaria as fundações do modelo de desenvolvimento que existe na América Latina", explicou Ryabkov.
À parte dos EUA e do Reino Unido, também o Canadá, o Brasil, o Paraguai, a Colômbia, o Peru, o Equador, a Costa Rica, a Argentina, a Guatemala, a França, a Alemanha e Portugal já reconheceram igualmente Guaidó como Presidente interino legítimo da Venezuela.
Também a União Europeia, através da sua Alta Representante para a Política Externa, Federica Mogherini, declarou em comunicado que “apoia plenamente” a Assembleia Nacional da Venezuela, acrescentando que "os poderes devem ser restaurados e respeitados".
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou esta quinta-feira ao "diálogo" na Venezuela por forma a evitar um conflito que será “um desastre”. Quanto a reconhecer qual dos dois, Maduro ou Guaidó, é o presidente legítimo, Guterres apenas disse, à margem do Fórum Económico de Davos: "Todos os governos soberanos têm a possibilidade de escolher o que querem."
O México, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, posicionou-se como apoiante de Nicolás Maduro, assim como o Presidente da Turquia, Recep Erdogan, o chefe de Estado mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e os governos da Rússia, China, Bolívia, Cuba e Irão.