Em véspera do Dia Internacional da Mulher, a Renascença dá a conhecer um exemplo de um trabalho importante desempenhado pela Cáritas de Braga no apoio às vítimas de violência doméstica.
Durante o último ano em que o país esteve mergulhado na pandemia, as vítimas da violência doméstica tornaram-se mais vulneráveis, porque muitas delas passaram os dias junto do agressor, o que torna mais difícil denunciarem a situação.
No entanto, não houve um aumento de casos em 2020 relativamente ao ano anterior, mas o quadro de risco é mais elevado, admite a coordenadora do Espaço Igual, um Centro de Informação e Acompanhamento a Vítimas de Violência Doméstica da Cáritas de Braga.
Raquel Gomes salienta que "o número de casos de violência doméstica não teve propriamente um aumento. No entanto, aquilo que nós podemos dizer é que são casos de violência doméstica com circunstâncias de risco mais elevadas, porque existem aqui outros fatores de desproteção associados, nomeadamente, as carências de natureza económica e a precariedade laboral que fomentam ou contribuem, no fundo também, para uma maior desproteção".
Esta psicóloga revela que os números da Comissão para a Igualdade e Cidadania indicam que, ao nível nacional, houve cerca de 30 mil processos de denúncias de violência doméstica, que foram fatais para 23 pessoas, das quais, 18 mulheres, uma criança e 4 homens.
Estando mais tempo em casa por causa da pandemia e impossibilitadas de se queixarem, é fundamental que "toda a rede de suporte, nomeadamente, a rede de vizinhança esteja atenta para que a vítima possa solicitar apoio no caso de existir essa necessidade. Estando a vítima confinada ao mesmo espaço durante todo o dia e toda a noite, portanto, todo o período na presença do agressor, tornar-se-á muito mais difícil para ela solicitar apoio e ter acesso a esse mesmo apoio. Portanto, o facto de os vizinhos e de a rede também de suporte social e familiar mais alargada da vítima estar particularmente atenta e disponível para apoiar, é uma mais valia para a segurança das próprias vítimas".
Para esta responsável, "continua a ser necessário denunciar e dar devida visibilidade a este crime que tem proporções epidémicas no nosso país. Portanto, continua a ser importante as pessoas fazerem a denúncia e continua a ser necessário trabalhar a consciência social da sociedade como um todo, para a necessidade de estarem alerta e atentas face à vulnerabilidade das vítimas de violência doméstica".
Em Braga, muitas das vítimas são encaminhadas por uma rede de parceiros para este Centro da Cáritas que disponibiliza apoio jurídico, social e acompanhamento psicológico.