Uma acção de formação específica para receber adequadamente os 4.500 refugiados que vão chegar a Portugal começa na segunda-feira, dia 26, tendo como formandos técnicos de diferentes áreas - como trauma, ética, diálogo inter-religioso e, até, alimentação e vestuário - que aderiram ao projecto Escola Superior de Educação Paula Frassinetti.
A aprendizagem será feita através da internet, embora a primeira sessão - na segunda-feira - decorra presencialmente, nas instalações da Universidade Católica, no Porto. No dia 29, haverá a abertura de outro curso idêntico, em Lisboa, na mesquita central.
"Será uma plataforma em jeito de e-learning, na qual todos os formadores vão abrir um módulo a que todos os formandos vão ter acesso e que dará mais tarde lugar a um fórum de discussão sobre todas as dúvidas que podem surgir”, explica José Luís Gonçalves, o responsável pela plataforma criada pela escola Paula Frassinetti. "É uma forma de conseguirmos chegar a todos os interessados, em todo o país”, detalha.
Vão integrar este curso, numa primeira fase, dois a três técnicos de cada uma das cerca de 140 instituições que vão acolher estes refugiados. Com encerramento previsto para meados de Dezembro, os técnicos vão aprender a lidar com os migrantes quando estes chegarem, procurando satisfazer as suas necessidades e esclarecer dúvidas. "É preciso ser quase como um guia, é preciso preparar as pessoas para o tipo de comida que vão ter, para o tipo de vestuário que vão querer, é preciso prepará-los para lidar com o trauma, como racismo e xenofobia e questões de religião”, precisa José Luís Gonçalves.
Com o apoio de seis universidades e da comunidade islâmica portuguesa, este projecto de formação visa também ajudar a ultrapassar o medo e mitos.: "É “preciso dizer à população portuguesa que o apoio que é dado a estes refugiados é feito pelas mesmas instituições que apoiam os portugueses, que não vamos parar um trabalho para começar outro."
José Luís Gonçalves sublinha que esta acção, que constitui uma peça de um enorme 'puzzle' que é o apoio da Plataforma aos Refugiados, será a grande prova de que Portugal recebe bem e com qualificação.