A candidata presidencial Ana Gomes considerou este sábado que o partido Chega não deveria ter sido legalizado, acrescentando ser obrigação do chefe de Estado "não normalizar" uma força política que "claramente põe em causa a Constituição".
"Era obrigação do Presidente da República dizer ao Tribunal Constitucional e à Procuradoria Geral da República que deveriam atuar para não permitir a legalização de uma força que claramente põe em causa a Constituição", considerou Ana Gomes, falando aos jornalistas em Ponta Delgada.
A antiga eurodeputada do PS falava antes de um encontro com apoiantes açorianos da sua candidatura a Belém.
Sobre os Açores, e a solução de governo encontrada recentemente, com apoio parlamentar do Chega, Ana Gomes distingue os três partidos que formam o executivo, numa "solução de alternância democrática", da existência de um acordo de incidência parlamentar com os dois deputados eleitos pelo partido de André Ventura.
"O que me preocupa é que essa solução de governo para os Açores venha a ser replicada para a República e normalize uma força política que tem o objetivo de destruir a Constituição", insistiu.
Ana Gomes considera o atual Presidente da República e candidato a reeleição, Marcelo Rebelo de Sousa, o "artífice" do entendimento de viabilização do executivo, e advoga que o Representante da República para a região, "zeloso cumpridor de instruções" e "distinto servidor da causa pública", não teve a "originalidade ou ousadia" para tal.
Já no que refere à polémica em torno do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a candidata sustentou haver um "problema sistémico" em várias forças de segurança no país, pedindo investimento em equipamentos e também formação, defendendo ainda que estas "não sejam permeáveis à infiltração" da extrema-direita.
"À partida não me parece que a solução seja extinguir o SEF ou transferir competências para outras polícias", advogou, reiterando apelos ao investimento humano e técnico.
Ana Gomes lamentou ainda novamente o "hediondo crime" cometido sobre Ihor Homenyuk em março.
Tal, sustentou, "a todos magoa e claramente macula a imagem de um Portugal democrático" e "respeitador dos direitos humanos".