O líder parlamentar do BE considerou esta quinta-feira que, ao contrário do que o primeiro-ministro defendeu no parlamento, a secretária de Estado da Agricultura concluiu "e bem" que não tinha condições "políticas e éticas para continuar".
"O primeiro-ministro passou toda a tarde, no parlamento, a defender que a secretária de Estado da Agricultura tinha condições políticas e éticas para continuar. Minutos depois do debate, a própria, e bem, concluiu exatamente o contrário", referiu Pedro Filipe Soares numa publicação na rede social Twitter.
A secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou esta quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de "condições políticas e pessoais" para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
Esta demissão foi conhecida depois do debate da moção de censura da IL, que foi chumbada no parlamento, tendo o caso da secretária de Estado sido um dos temas em discussão.
Foi precisamente no período do pedido de esclarecimentos do BE feito pela líder Catarina Martins, que o primeiro-ministro, António Costa, sustentou que a secretária de Estado da Agricultura não é acusada em processo judicial e invocou os princípios de Direito, questionando se se deve demitir a mulher porque o marido é acusado num processo-crime.
"Ó senhores deputados, vamos lá ver o seguinte: a civilização no mundo da Justiça levou muitos séculos a construir e não há populismo de esquerda que faça abanar-me quanto às minhas convicções sobre os princípios do Estado de Direito", referiu.
Posteriormente, o primeiro-ministro acrescentou que o Governo já perguntou à secretária de Estado se na "conta conjunta constava ou não constavam os montantes que, de acordo com o jornal, constam da acusação da Ministério Público".
"O que nos é dito é que não, que é de uma conta conjunta onde constam só os rendimentos do trabalho", sublinhou.
Costa acrescentou ainda que o executivo interrogou a secretária de Estado se havia "alguma dúvida sobre as declarações fiscais que fez sobre os seus rendimentos", tendo a secretária de Estado salientado que declarou "todos os rendimentos fiscais" que prestou.
"Há uma coisa que eu também não tenho a menor das dúvidas: se estiver ferida a ética republicana, a secretária de Estado será demitida como se alguma vez eu ferir a ética republicana, eu próprio me demitirei", assegurou.
Catarina Martins tinha dito que, ao ler jornais, só podia "pensar que seria difícil um Governo do PS fazer tantos favores à direita como este Governo está a fazer".
"A cada caso que é encerrado, a cada nomeação que é feita, abre-se um novo caso", criticou Catarina Martins.
A coordenadora bloquista inquiriu se "não é pelo menos absolutamente imprudente a forma como o Governo tem lidado com as nomeações e com as responsabilidades dos seus membros".