As eleições deste domingo tiveram o terceiro maior número de votos válidos desperdiçados: mais de 670 mil em território nacional, a que se vão somar ainda os dos círculos de emigração. Em 18 legislativas desde 1976, mais de nove milhões de votos não serviram para eleger qualquer deputado.
Nestes números estão os votos de todos os partidos que não conseguiram mandatos, quase 200 mil (dos quais mais de 100 mil são do ADN), e os votos de onde AD, Chega, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, CDU, Livre e PAN não conseguiram eleger.
O PS foi o único partido nestas legislativas que conseguiu deputados em todos os círculos eleitorais e não tem, portanto, votos desperdiçados. A AD, não elegendo em Portalegre, teve 14 mil votos desperdiçados (0,8%) do total, enquanto o Chega teve 13 mil.
O partido com mais votos válidos sem eleger deputados foi o Bloco de Esquerda, com mais de 126 mil, seguido do ADN, com 100 mil, da CDU, com 87 mil, do PAN, com 85 mil, e o Livre, com 68 mil, segundo uma análise da Renascença, à qual faltam ainda somar os dois círculos da emigração, Europa e Fora da Europa.
Isto significa que um em cada nove votos não serviram para eleger qualquer deputado. No PAN, dois em cada três votos foram desperdiçados e no Livre um em cada três.
Braga teve o maior número de votos desperdiçados, Bragança a maior percentagem
Analisando cada um dos círculos eleitorais, o círculo que desperdiça mais votos é o de Braga, onde os votos no Bloco de Esquerda, CDU, Livre e PAN não serviram para eleger qualquer mandato.
Ao todo foram mais de 72 mil, cerca de 13% do total no distrito, e mais 11 mil que os votos desperdiçados no Porto. Leiria foi o terceiro círculo eleitoral com mais votos desperdiçados (53 mil), seguida de Faro (52 mil), Aveiro (51 mil) e Santarém (47 mil).
Bragança e Beja foram os distritos com a maior percentagem de votos desperdiçados, acima dos 27%, o que significa que quase um terço dos votos nestes distritos não serviram para eleger deputados.
Quanto menos deputados forem elegidos num círculo eleitoral, mais provável é haver uma elevada percentagem de votos desperdiçados, uma vez que a eleição de cada deputado exige uma maior quantidade de votos.
Lisboa tem, assim, a mais baixa percentagem de votos desperdiçados, uma vez que foi o único círculo eleitoral onde oito forças políticas conseguiram mandatos. São 36 mil os votos desperdiçados, que se traduzem em 2,7% do total. Seguem-se Porto, com 5,5% e Setúbal, com 5,6%.