Húngara filmada a pontapear migrantes: "Não sou uma operadora de câmara racista e sem coração"
11-09-2015 - 13:06

Petra Laszlo está arrependida das suas acções, que diz terem surgido num momento de “pânico”. A situação aconteceu junto à fonteira com a Sérvia, quando centenas de refugiados tentavam furar um cordão policial.

A operadora de câmara húngara, filmada no início desta semana a pontapear e a fazer rasteiras a refugiados e migrantes que fugiam da polícia, afirma agora que, “como mãe”, está arrependida das suas acções, que diz terem surgido num momento de “pânico”.

Petra Laszlo foi questionada pelas autoridades húngaras como suspeita na quinta-feira, depois de ter sido aberto um inquérito à repórter por conduta desordeira. 

A húngara foi ainda despedida da estação de notícias N1TV, conhecida como Nemzeti TV, depois de terem circulado vídeos na imprensa e na internet. 

Vários vídeos mostram Laszlo a pontapear uma rapariga e a fazer uma rasteira a um homem, que levava uma criança ao colo, enquanto centenas de migrantes, muitos deles sírios, tentava fugir a um cordão policial na fronteira com a Sérvia. 

“Arrependo-me honestamente do que aconteceu. Estou praticamente em choque com aquilo que fiz, e com aquilo que me fizeram”, escreveu Laszlo, numa carta publicada no site do jornal húngaro "Magyar Nemzet" e citada na agência Reuters.

A repórter diz que entrou em pânico quando centenas de migrantes começaram a correr na sua direcção e que se quis proteger. “Não sou uma operadora de câmara racista e sem coração daria pontapés a crianças. Sou uma mulher e mãe de crianças pequenas que, entretanto perdeu o seu emprego, e tomou uma má decisão num momento de pânico”, acrescentou. 

O governo húngaro tem tomado medidas duras contra a vaga de migrantes que tentam passar as fronteiras do país para chegar à Europa Ocidental, retratando-os como uma ameaça à prosperidade europeia.

Mais de 170 mil migrantes, muitos deles refugiados de conflitos no Médio Oriente, foram contabilizados a entrar na Hungria só este ano. A polícia tem tentado registá-los oficialmente e de acordo com as regras comunitárias, mas muitos recusam-se a fazê-lo por medo de serem forçados a ficar na Hungria em vez de passaram para a Alemanha.