O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, manifestou, na tarde deste domingo, à margem da cerimónia de entrada solene do novo bispo de Évora, total sintonia da igreja portuguesa com o Papa "e com a sua vontade e coragem”.
Questionado pela Renascença sobre a forma como a Igreja portuguesa está a viver este momento complicado, na sequência do escândalo dos abusos sexuais de menores perpetrados por prelados, D. Manuel Clemente reforçou a ideia de que a igreja portuguesa está ao lado do Papa, nomeadamente “na grande purificação da igreja em todos os aspectos”.
“Uma purificação que significa o quê? No fundo é a evangelização. É condizer, sempre e cada vez mais, com o evangelho de Jesus Cristo”, lembrou D. Manuel Clemente, que recordou as palavras, atitudes, bem como a constante presença “diante de quem sofre” do Santo Padre, que tem, de acordo com D. Manuel Clemente.
As palavras do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa surgem no mesmo dia em que D. António Marto, cardeal de Leiria-Fátima, criticou "ataque ignóbil e organizado" contra o Papa.
No sábado, o mesmo D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa, pediu, numa carta aos diocesanos, "comunhão profunda e orante com o Santo Padre, que, com tanta coragem e lucidez, guia a Igreja neste momento de purificação espiritual e prática".
Na sexta-feira, o bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, lamentou a "campanha que tem sido orquestrada contra o Papa Francisco", a propósito dos casos de abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica, segundo uma nota divulgada pela agência Ecclesia.
Segundo um comunicado enviado por D. António Moiteiro à agência Ecclesia, o bispo de Aveiro e atual presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, lembra "o esforço que o Papa Francisco tem vindo a fazer para tornar a Igreja mais evangélica, em diálogo com o mundo atual e na resposta a problemas novos", pelo que, acrescenta, merece todo o apoio "como povo de Deus em terras de Aveiro".
A questão dos abusos sexuais foi um dos temas marcantes da recente visita do Papa à Irlanda, onde Francisco expressou uma mensagem de vergonha e tristeza por este caso que está a abalar a Igreja.
Na sequência dessa visita, o arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, publicou uma carta a acusar Francisco de também não ter sido célere na denúncia e resolução dos casos de pedofilia.