O Sindicato dos Jornalistas (SJ) disse este sábado que o comunicado da administração do Global Media Group (GMG) sobre a nomeação da nova direção de informação da TSF contém uma ameaça aos jornalistas e desconsidera o trabalho feito pela redação.
"A administração do Global Media Group (GMG) concretizou a nomeação da nova direção de informação da rádio TSF numa nota de imprensa em que deixa aquilo que se pode interpretar como uma ameaça aos jornalistas da TSF, bem como aos jornalistas de todo o grupo", pode ler-se numa nota divulgada hoje pelo SJ.
Segundo o sindicato, nesse comunicado, a administração refere que a nomeação da nova direção, mandatada para desenvolver "as necessárias mudanças a todos os níveis", corresponde à "última e decisiva tentativa de salvar um projeto que se encontra insustentável devido ao rumo seguido na última década e em especial nos últimos anos".
"Não pode o SJ deixar de ver aqui uma ameaça da administração à redação, com a referência a uma "última tentativa", além de configurar uma desconsideração ao trabalho que tem vindo a ser feito pela redação, em condições anormais e com uma equipa esmagada", acusa o sindicato.
"O SJ não aceita uma chantagem deste nível: os jornalistas dão notícias; se quem é responsável pelo negócio não faz negócio é culpa de quem gere, não dos jornalistas", acrescenta.
O sindicato lamenta ainda que o comunicado do GMG tenha sido emitido "quando há já um ambiente difícil na redação -- com uma direção alterada contra o parecer contundente do Conselho de Redação - e num momento em que também a redação do Diário de Notícias aguarda a indicação de uma nova direção".
"O jornalismo sério e independente, como o que a TSF tem feito, faz-se de resistência a ameaças e a pressões, e é isso que o SJ sabe que continuará a ser feito pela redação, com a qual o SJ se solidariza, para que assim continue na TSF, nas publicações do grupo, e em todo o setor", afirma o sindicato.
Na quinta-feira, a GMG informou que a nova direção da TSF assume funções na segunda-feira com a missão de desenvolver mudanças para quebrar o ciclo de prejuízos, sendo "uma última e decisiva tentativa de salvar o projeto".
O comunicado da Global Media Group (GMG), a que a Lusa teve acesso, surge depois de ter sido conhecido que o Conselho de Redação da TSF rejeitou a nomeação de Rosália Amorim para diretora de informação da rádio após uma reunião decorrida na quarta-feira, tendo levantado dúvidas quanto à sua capacidade de manter uma política editorial independente.
Em comunicado, o Conselho de Administração da Global Media Group informa que, cumpridos todos os procedimentos legais, na segunda-feira, dia 02 de outubro, iniciará as suas funções a nova equipa de direção da TSF constituída por Rui Gomes (diretor-geral), Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor de informação)".
Em 20 de setembro, os trabalhadores da TSF estiveram pela primeira vez em greve nos 35 anos de existência da rádio, tendo reivindicado a defesa de aumentos salariais, pagamento pontual de vencimentos e a manutenção da direção de Domingos Andrade, com os delegados sindicais a darem conta de uma adesão total.