A ONU alerta que a situação na zona leste da cidade síria de Alepo é "desesperada", afirmando que centenas de doentes precisam de ser retirados daquela área controlada pelas forças rebeldes e que os alimentos são escassos.
Segundo as Nações Unidas, os bens alimentares disponíveis só conseguem cobrir as necessidades de um quarto da população dos bairros da zona leste de Alepo, no norte da Síria.
"Para nós, o que é prioridade, é a situação médica muito preocupante" na zona leste da cidade, declarou o enviado especial adjunto da ONU para a Síria, Ramzy Ezzeldin Ramzy, em declarações aos jornalistas em Genebra (Suíça).
"É preciso organizar com urgência evacuações médicas", acrescentou o mesmo representante, indicando que "provavelmente centenas" de pessoas doentes e feridas precisam de ser retiradas daquela cidade.
"Cerca de 600 pessoas podem não ser tratadas" por causa da falta de pessoal ou de material médico adequado, referiu o enviado especial adjunto.
Segundo Ramzy Ezzeldin Ramzy, o 'stock' de material médico diminuiu significativamente e só permanecem cerca de 35 médicos nos bairros da zona leste de Alepo, onde vivem cerca de 250 mil pessoas. Uma população que está sujeita aos ataques das forças governamentais, apoiadas pelos aliados russos desde o início de Setembro.
As declarações do enviado especial adjunto da ONU para a Síria surgem um dia depois de os dois principais hospitais da zona rebelde de Alepo terem sido alvo de bombardeamentos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou estes ataques como "crimes de guerra".
Ainda aos jornalistas em Genebra, Ramzy Ezzeldin Ramzy indicou que "os bens alimentares diminuíram" naquela zona, especificando que muitas padarias fecharam e que restam pouco mais de 14 mil rações alimentares.
Cada uma destas rações podem alimentar cinco pessoas, ou seja, 70 mil no total, o que representa apenas um quarto da população destes bairros, segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), uma agência da ONU.
Ramzy Ezzeldin Ramzy falava à imprensa após uma reunião em Genebra de um grupo de trabalho dedicado ao conflito na Síria e à crise humanitária que afecta aquele país.
O representante declarou que as discussões mantidas durante o encontro organizado sob os auspícios das Nações Unidas foram "longas de difíceis" e dominadas pela situação em Alepo.
Também acrescentou que a ONU pediu aos dois co-presidentes do grupo de trabalho, os Estados Unidos e a Rússia, para fornecerem meios de acesso à cidade, de forma a facilitar a entrega de ajuda.