A eleição para os vários órgãos da Conferência Episcopal Portuguesa (Presidência e Conselho Permanente, presidentes das Comissões Episcopais e delegados para a Vida Consagrada e COMECE (Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia) é um dos principais pontos da agenda de trabalhos da assembleia plenária da CEP, o órgão máximo do episcopado português, que vai decorrer até quinta-feira, em Fátima.
D. José Ornelas poderá manter-se como presidente, mas os arcebispos de Braga e de Évora também são escolhas possíveis. A forma como têm lidado com os casos de abuso nas respetivas dioceses pode influenciar a escolha. O agora bispo de Leiria-Fátima foi eleito presidente da CEP em junho de 2020, quando ainda liderava a diocese de Setúbal.
Desta vez, a CEP até poderá eleger um leigo, ou leiga, para a função de secretário, dado que a recente revisão dos estatutos, aprovada pelo Vaticano a 30 de março, já o permite. “É a primeira vez que isso acontece, que há essa possibilidade de eleição. Este é um aspeto relevante também para a vida da Conferência Episcopal”, explicou à agência Ecclesia o padre Manuel Barbosa, atual secretário e porta-voz da CEP, que no início de fevereiro já nomeou uma mulher, Anabela Sousa, como assessora de comunicação.
As eleições para os órgão da CEP são trienais, e são “naturalmente democráticas, com voto secreto, para a presidência, para o Conselho Permanente, que é um grupo de sete bispos e um secretário, que também pode ser bispo”, explicou ainda o padre Manuel Barbosa.
Abusos: os passos que se seguem
"Proteção de menores e adultos vulneráveis: seguimento do processo" está no ponto 4 da agenda de trabalhos, mas será um dos momentos centrais desta assembleia plenária. Está previsto que os bispos celebrem missa, na quinta-feira de manhã pelas vítimas de abuso sexual, de poder e de consciência na Igreja Católica, e que constituirá o momento público de pedido de perdão.
Será “uma celebração da Eucaristia, na Basílica da Santíssima Trindade, com todos os bispos presentes, convidando todas as dioceses a promover esta iniciativa e esta oração nas paróquias, nas celebrações nesse dia”, explicou o padre Manuel Barbosa sobre a celebração, que será aberta à comunidade e terá transmissão online.
Vai ser, ainda, revelada a constituição da nova equipa de “acolhimento e acompanhamento das vítimas de abuso na Igreja”, embora na última sexta-feira a Conferência Episcopal tenha já anunciado, em comunicado, que este “grupo operativo” será liderado por Rute Agulhas.
“A Conferência Episcopal Portuguesa informa que, dando seguimento às decisões tomadas na Assembleia Plenária extraordinária do passado dia 3 de março, o nome da psicóloga Rute Agulhas foi apontado, pelo Conselho Permanente da CEP e após consulta aos Bispos diocesanos e auxiliares”, indica a nota enviada à Renascença.
A psicoterapeuta de crianças e adolescentes, especialista em psicologia da justiça e com trabalho reconhecido na área, já integrava a comissão diocesana de proteção de menores e adultos vulneráveis do Patriarcado de Lisboa. No novo cargo irá trabalhar “em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas”.
Da agenda da assembleia plenária fazem, ainda, parte a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e o Sínodo em curso na Igreja. A sessão de abertura está marcada para as 16h desta segunda-feira, na Casa Nossa Senhora das Dores. A conferência de imprensa de encerramento será dia 20, às 15h00, no Centro Pastoral Paulo VI.