O CDS-PP alega existir uma diferença de 80 lança-granadas LAW entre o material militar recuperado do furto de Tancos, em 2017, e as listas comunicadas pelo Exército e entregues pela PJ Militar ao Ministério Público.
Esta “significativa discrepância”, de 44 para 124 LAW, é referida nas alterações ao relatório final da comissão parlamentar de inquérito ao furto do material militar dos paióis de Tancos de junho de 2017 propostas pelo CDS, e os centristas propõem que, nas conclusões finais, fique expressa essa diferença.
A listagem do material de guerra furtado em Tancos e recuperado pela Polícia Judiciária Militar em outubro de 2017 enviada à comissão parlamentar de Defesa, noticiada pela Lusa em 30 de outubro, e depois transferida para a comissão de inquérito, menciona “44 granadas foguete anti-carro, 66 mm, com espoleta M412A1, com lançador M72A3 – M/986 LAW” e confirma também que falta recuperar cinco granadas e mais de 30 cargas de explosivos.
Agora, o CDS cita uma informação do diretor nacional da Polícia Judiciária, constante de uma ata de uma reunião da Unidade de Coordenação Antiterrorista (UCAT), com a data de 18 de julho de 2018, com números diferentes - 124.
“Em vez de 44 LAW furtados, foram afinal 124 LAW, segundo o diretor nacional da PJ, conforme expresso na ata da UCAT do dia 18 de julho de 2018”, lê-se na proposta de alteração.
No capítulo da “recuperação das munições”, a bancada centrista sugere uma nova conclusão, que não consta do relatório preliminar, da autoria do deputado socialista Ricardo Bexiga, apresentado em finais de maio.
E sugere que a comissão conclua que se “apurou que se registou uma significativa discrepância entre o material efetivamente recuperado e a lista de material furtado, comunicado pelo Exército, bem como a lista do material recuperado, entregue pela PJM ao Ministério Público, a 29 de junho de 2018, nomeadamente, entre outros elementos, no que respeita aos LAW”, fazendo-se descrevendo-se, depois, que existe essa diferença de 80 LAW, entre os 44 da relação inicial, e os 124 referidos na ata da UCAT.
Para hoje de manhã está prevista a primeira reunião da comissão para começar a analisar e votar o relatório e as alterações propostas pelos partidos, no caso, PSD, BE, PCP e CDS.
A comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos está a trabalhar desde novembro de 2018, estando já agendada a votação do relatório para o dia 03 de julho, no plenário da Assembleia da República, último ato do inquérito ao caso que fez cair o chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte e o ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes.
O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.
Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários responsáveis, entre eles o agora ex-diretor da PJM Luís Vieira.