A Associação de Proteção Civil (APROSOC) defendeu, esta sexta-feira, que o "desvio de meios" para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vai causar constrangimentos no combate aos incêndios rurais "que importa acautelar".
"É convicção" da associação que o dispositivo montado para o evento "vai retirar efetivo indispensável na prevenção e combate aos incêndios rurais, de resposta à sinistralidade", referiu, num comunicado.
"O reforço daquele evento com estações móveis da rede SIRESP [ Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal] retira esses meios aos teatros de operações que ocorram durante a semana antes, durante e após a Jornada Mundial da Juventude, situações das quais, apesar do reforço do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, podem causar graves constrangimentos às operações de socorro", lê-se ainda na nota assinada pelo presidente da APROSOC, João Paulo Saraiva.
Apesar de acreditar que a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e outras entidades envolvidas vão "dar o seu melhor para minimizar as consequências funestas deste desvio de meios", a associação receia "que o planeamento em curso, até por extemporâneo, seja incapaz de evitar graves constrangimentos que importa acautelar".
ANEPC garante dispositivo independente
A estrutura da Proteção Civil para a JMJ pode chegar aos 25 mil bombeiros, revelou na quarta-feira o presidente da ANEPC, garantindo que este dispositivo será independente dos meios afetos ao combate aos incêndios rurais.
Em declarações aos jornalistas, Duarte Costa, avançou que os 25 mil bombeiros pertencem às corporações de bombeiros voluntários, com possibilidade de incluir até dois mil agentes de outras forças, que "só atuarão naquilo que será a necessidade para cada uma das áreas de esforço e de stress", disse.
Duarte Costa sustentou que a ANEPC tem preparado "um dispositivo discreto que irá cumprir a sua missão com a descrição suficiente para não causar pânico", mas que, caso seja necessário utilizar mais meios, já recebeu garantias do Governo, quer de financiamento, quer de forças.
Segundo o responsável, o financiamento do Governo tem uma base de cerca de meio milhão de euros, mas "é apenas um orçamento indicativo, que não está fechado, nem é o final".
Como a JMJ, que se realiza entre 01 e 06 de agosto, coincide com a época mais crítica de incêndios rurais, o presidente da ANEPC afirmou que foi necessário "compatibilizar duas situações complexas que eram as jornadas e o dispositivo" para os fogos.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se entre 01 e 06 de agosto em Lisboa, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.