O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, apoiou esta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os seus apelos em relação ao conflito no Médio Oriente, após Israel ter exigido a sua demissão por declarações sobre a ação do Hamas.
"Quero transmitir toda a minha afeição e todo o apoio do Governo de Espanha e da sociedade espanhola ao nosso secretário-geral das Nações Unidas, que penso que o que está a fazer é a levantar a voz por uma grande maioria das sociedades do mundo que querem uma pausa humanitária" no conflito, sublinhou.
Sánchez emitiu estas declarações em Bruxelas, onde se encontra a participar na cimeira social tripartida antes da reunião de líderes da União Europeia (UE).
As palavras do chefe do executivo espanhol em exercício surgem depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Eli Cohen, ter pedido a demissão de Guterres e cancelado uma reunião com ele, por causa das suas palavras no Conselho de Segurança, de que o ataque terrorista de 07 de outubro do grupo islamita palestiniano Hamas "não veio do nada", mas de "56 anos de ocupação asfixiante".
O secretário-geral da ONU disse hoje sentir-se "espantado com as deturpações de algumas pessoas" em relação às suas palavras sobre o Hamas, cujas ações voltou a condenar.
Para Sánchez, o que Guterres está a fazer é a falar por uma grande maioria dos países do mundo que querem que se ponha fim ao "desastre humanitário" que o conflito está a provocar.
Além de expressar apoio a António Guterres, o primeiro-ministro espanhol voltou a secundar o seu apelo para um cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza, que permita a entrada urgente de ajuda "de forma sistemática, permanente e proporcional às necessidades da população".
Pedro Sánchez exortou ainda novamente a que se recorra à via diplomática para solucionar uma crise que frisou ter uma origem clara, os atentados de Hamas contra Israel, e que sustentou merecerem toda a condenação de Espanha e da comunidade internacional.
Combatentes palestinianos do movimento islamita Hamas atacaram a 07 de outubro o sul de Israel em várias frentes a partir da Faixa de Gaza, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e capturando 220, mantidas em cativeiro em Gaza e algumas delas entretanto mortas -- segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas -- ao passo que quatro foram libertadas nos últimos dias: dois cidadãos norte-americanos e dois israelitas.
Tratou-se de uma ofensiva por terra, mar e ar apoiada pelo grupo xiita libanês Hezbollah e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
Segundo as autoridades locais, a forte retaliação israelita matou até agora pelo menos 6.546 pessoas naquele enclave palestiniano pobre desde 2007 controlado pelo Hamas, grupo classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela UE e por Israel.