O antigo ministro da Administração Interna, Armando Vara, disse esta terça-feira em tribunal que o milhão de euros depositado na conta da sua filha era proveniente de serviços de consultoria efetuados antes de ser administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Armando Vara, que hoje foi ouvido na qualidade de testemunha da filha, Bárbara Vara, na primeira fase de instrução do processo “Operação Marquês”, apesar de ser também arguido, respondeu “ao que lhe foi perguntado” pelo juiz de instrução criminal Ivo Rosa, relatou à saída o seu advogado, Tiago Rodrigues Bastos.
Vara, que se encontra a cumprir prisão em Évora o âmbito do processo “Face Oculta” e que chegou hoje à tarde ao Tribunal Central de Instrução Criminal algemado, foi ouvido mais de “duas horas e meia” pelo juiz Ivo Rosa.
Terá respondido a questões relacionadas com a sua nomeação para a CGD e sobre um empréstimo do banco estatal ao projeto do empreendimento de Vale do Lobo, no Algarve, superior a 280 milhões de euros.
Acusado de um crime de corrupção passiva, Vara também assumiu que teve consciência de estar a cometer um ilícito de natureza fiscal quando abriu a conta offshore e recebeu dinheiro.
Da mesma forma, também negou ter sofrido pressões do Governo ou ter obtido qualquer favorecimento ou ajuda do então primeiro-ministro José Sócrates na sua nomeação para a administração da CGD, rejeitando ainda qualquer favorecimento na concessão do empréstimo da CGD para o resort de Vale do Lobo — empréstimo esse que foi considerado ruinoso e como não tendo respeitado as regras internas do banco por uma recente auditoria da consultora EY à gestão da Caixa entre 2000 e 2015.