O antigo presidente da PT Zeinal Bava, um dos arguidos na Operação Marquês, esteve esta quarta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, onde foi ouvido durante cerca de oito horas, no âmbito da fase de instrução do processo.
Zeinal Bava está acusado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
No final do interrogatório, que durou cerca de oito horas, o antigo presidente da PT recusou-se a falar aos jornalistas, ao contrário do que tinha acontecido quando chegou, pelas 14h00, às instalações do Tribunal Central de Instrução Criminal.
Contudo, fonte ligada ao processo disse que Zeinal Bava admitiu ao juiz de instrução Ivo Rosa conhecer o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, com quem teve reuniões, mas ressalvou que não era "visita de casa".
Segundo a mesma fonte, o antigo presidente da operadora de telecomunicações assegurou que as decisões tomadas não eram apenas dele e que "todo o dinheiro utilizado serviu para comprar ações da empresa".
À tarde, quando chegou ao tribunal, Zeinal Bava disse que "chegou o momento de, com serenidade, esclarecer tudo".
O interrogatório a Zeinal Bava foi o mais longo, até ao momento, da fase de instrução. O ex-presidente da PT foi um dos 19 arguidos a pedir a abertura de instrução.
Zeinal Bava fez, nesta fase, prova documental, mas o juiz Ivo Rosa pretendeu ouvi-lo pessoalmente, pelo que determinou a sua presença no tribunal, razão pela qual o antigo gestor da PT se deslocou de Londres a Lisboa.
Para o Ministério Público, entre finais de 2007 e 2011, Zeinal Bava recebeu mais de 25 milhões de euros através de uma sociedade do Grupo Espírito Santo.
Segundo a acusação, o ex-primeiro-ministro José Sócrates, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, antigo gestor da PT, terão recebido dinheiro para atuarem no interesse do ex-presidente do BES Ricardo Salgado na PT.
A Operação Marquês tem como principal arguido José Sócrates, que está acusado de 31 crimes de corrupção passiva, falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
O inquérito da Operação Marquês, que começou há mais de cinco anos, culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes económico-financeiros.
Os arguidos Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo pediram a abertura de instrução.