No Porto, um edifício de 16 andares, que visualmente ultrapassa a Ponte da Arrábida, continua a dar que falar.
A situação não é nova, mas o impacto visual que o edifício de luxo provoca faz com continue a ser tema de conversa, por residentes e turistas.
O processo, com mais de 20 anos, conta-se em poucas palavras. Quer o terreno, quer o edifício da imobiliária Arcada obedecem a um Pedido de Informação Prévia (PIP), que foi feito em 2002, embora, só em 2013, tenha sido aprovado o projeto de licenciamento de um conjunto de edifícios junto à Ponte da Arrábida, de resto, o ano em que a mesma ponte foi classificada como Monumento Nacional.
Só quatro anos depois, em 2017, foi emitida a licença para a primeira fase de construção, período a partir do qual surgem um conjunto de questões e protestos relativos a todo esse processo.
Entre ações judiciais e aberturas de inquéritos, o projeto esteve embargado mais de um ano, mas de pouco adiantaram as contestações, que acabaram por concluir pela legalidade do projeto.
Em 2019, é então aprovada a segunda fase do licenciamento, mas desde esse ano que a Ponte da Arrábida está inserida numa Zona Especial de Proteção, o que confere um conjunto de restrições à construção na área circundante ao monumento e que, até então, não existiam.
Ao imbróglio acrescenta-se um outro aspeto que permitia a construção dos edifícios naquele local: um processo de indemnizações decorrentes da não permissão de construção no Parque da Cidade.
"Uma aberração" para o Porto
Leis e confusões à parte, a verdade é que para os que por ali passam a paisagem e continua obstruída. O prédio, que destoa dos restantes edifícios que estão em volta, chega mesmo a tapar parte da Ponte da Arrábida.
O impacto visual é negativo aos olhos de qualquer pessoa e há mesmo quem chegue a dizer que "a nível arquitetónico e paisagístico, é uma aberração brutal".
Comentários menos positivos, também, de quem percebe do assunto, como é o caso do arquiteto paisagista, Rui Salgado, que defende que o edifício foi feito a pensar numa minoria, para "um mercado imobiliário que está em crescendo no Porto, o mercado de luxo".
Agora, defende o arquiteto, a única coisa a fazer é diminuir o impacto visual causado pelo edificado, criando "medidas sustentáveis", através de "varandas ajardinadas, paredes verticais com plantas" ou espaços verdes na área envolvente.
Medidas que podem mitigar o impacto visual criado pelo prédio que está a mais, numa vista que não foi protegida a tempo.