A NATO não está a entrar numa “nova Guerra Fria”, mas precisa de se adaptar aos desafios criados pela China, que se está a “aproximar” do espaço euro-atlântico, defendeu nesta segunda-feira o secretário-geral da Aliança Atlântica.
“Não estamos a entrar numa nova Guerra Fria e a China não é o nosso adversário nem inimigo. Mas temos de responder juntos, como uma Aliança, aos desafios que a ascensão da China cria para a nossa segurança”, afirmou Jens Stoltenberg.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) falava aos jornalistas à entrada para a cimeira da organização, que decorre nesta segunda-feira em Bruxelas e que irá reunir os chefes de Estado e de Governo da Aliança.
Sendo a China um dos temas que estará em cima da mesa durante a reunião entre os Aliados, Stoltenberg destacou que é “preciso falar com a China” em temas como o controlo de armas e as alterações climáticas. Mas salientou também que a China “não partilha os valores” da Aliança.
“Vemos como têm reprimido manifestações democráticas em Hong Kong, como perseguem minorias no seu próprio país, como utilizam a tecnologia moderna, as redes sociais e o reconhecimento facial para monitorizar e vigiar a sua população de uma maneira que nunca tínhamos visto”, frisou o secretário-geral.
Acrescentando ainda que Pequim “tem investido fortemente em novas capacidades militares, incluindo capacidades nucleares” e “sistemas de armamento mais avançados”, Stoltenberg sublinhou que isso “importa” para a Aliança porque “nenhum país nem nenhum continente” consegue lidar com estes desafios “sozinho”.
“Precisamos de responder juntos, enquanto Aliança (…) e tem muito a ver com o que fazemos aqui, porque a China está a aproximar-se de nós: vemo-los no ciberespaço, em África, no Ártico, mas a China também está a investir massivamente na nossa própria infraestrutura crítica e a tentar controlá-la”, referiu o secretário-geral.
Abordando assim o comunicado final que deverá sair da reunião dos líderes, Stoltenberg sublinhou que espera que os Aliados concordem “na linguagem” sobre a China, destacando que “a primeira vez” que a NATO se referiu a Pequim em comunicados foi há 18 meses, durante uma cimeira da Aliança em Londres, quando foi publicada "uma linha" sobre Pequim.
“Desta vez, vai ser uma posição clara, uma posição unida dos Aliados no que se refere à China, que irá mostrar que chegámos a uma convergência de pontos de vista sobre a China nos últimos meses”, afirmou o secretário-geral.
Os chefes de Estado e de Governo da NATO reúnem-se em Bruxelas para “reforçar o laço transatlântico”, abordar os desafios criados por China e Rússia, e projetar o futuro da Aliança num mundo de “competição global”.
Naquela que será a primeira cimeira a contar com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, os líderes deverão nomeadamente abordar as “implicações em termos de segurança da ascensão da China” e o “comportamento agressivo da Rússia”.