Por aqui, o beliscar das cordas é uma arte de quem bem sabe tocar. A Orquestra Portuguesa de Guitarras e Bandolins é um grupo profissional de 2007, com 22 músicos efetivos, que agora anda por aí com um Concerto de Reis, em Gondomar, Porto.
Bandolins, bandolas, guitarras e contrabaixos. Em qualquer atuação, alinham-se em harmonia e em compromisso com as partituras – sempre comprometidos com a intenção de que estes instrumentos tenham uma visibilidade maior.
“São músicos e instrumentos residentes. E é tudo adaptado a cada concerto, ao tema e ao artista que convidamos”. O diretor artístico, António Vieira, conta à Renascença que foi com um dos guitarristas, Sérgio Dinis, que fundou o coletivo orquestral pioneiro em Portugal. E a sinfonia não parou desde aí.
António atafulha-se de trabalho e toma conta dos preparos. Não é só cá imaginar melodias. Pensa ao pormenor no tema, no tom e no conjunto que se vai apresentar em palco.
Tudo nos eixos. Há que ter a responsabilidade de saber “organizar tudo quer a nível artístico quer a nível logístico”. E depois cabe à batuta do maestro Hélder Magalhães deslindar a mestria dos arranjos junto de André Ramos. “Faz parte do seu trabalho juntar todos e fazer o melhor espetáculo possível”, explica o diretor artístico.
“Para além das valsas e polkas vienenses, cada espetáculo é uma oportunidade de criar novos ouvintes e dar oportunidade para que mais gente conheça o nosso estilo de música”. E as dedilhadas já aquecem as articulações dos profissionais neste primeiro mês do ano.
A celebrar o dia de Reis, interpretam-se clássicos do Fado de Amália Rodrigues no concerto do grupo neste próximo domingo, dia 7 de janeiro. Sob a tutela da Associação Cultural de Plectro, comemora-se a festividade e, desde 2021, o centenário de Amália.
Esta iniciativa já é uma tradição do grupo orquestral em parceria com a Câmara Municipal de Gondomar e leva-se com entusiasmo cada edição. Esta ainda mais, já que é a primeira com público. “Estamos bastante entusiasmados e achamos que vai ser um sucesso como já o era antes em transmissão streaming”.
Os espetáculos anteriores convidaram a fadista Lina para acompanhar os acordes do mais novo de 16 anos até ao mais velho que “deve andar perto dos 60”. E, desta vez, a orquestra convida Cuca Roseta.
“Para a fadista Cuca Roseta, não é preciso muitas palavras”. António Vieira perde-se em elogios. “Já se sabe a qualidade que a fadista tem. É uma das maiores vozes dos últimos quinzes anos em Portugal e esta junção vai agradar, de certeza, toda a gente”.
Espera-se encher a sala D’Ouro do Multiusos de Gondomar com esta colaboração já há muito esperada pelos músicos. “São perto de mil lugares e esperemos que esgote”.
Já estão bem habituados a salas esgotadas. “Não há como negar e nem é falsa modéstia: já temos concertos para todos os meses até ao final ano e só podemos aceitar convites para 2025. Esperemos que fique assim composto como este ano”.
Quem sabe, sabe. E, entre compassos de calmaria e rangidos, pequenos tremeliques nas cordas dedadas vão encher a sala, mas as pautas estão estudadas à risca há semanas. “Como profissionais que são, os mais de cinquenta músicos em palco têm a obrigação de ter tudo pronto no primeiro de quatro ensaios”.
Mais umas pautas vão se juntar a este especial da orquestra. Junto da orquestra, o Coral Juvenil de Orfeão de Rio Tinto vai abrir a noite em articulação com notas de acordeão, piano, harpa, flauta e clarinete.
“Tenho a certeza de que quem for assistir aos espetáculos não se vai sentir desfraldado”. “Já começamos os ensaios e posso garantir: os arranjos estão lindíssimos e vai ser um espetáculo memorável”, confessa.