O Ministério da Transição Ecológica espanhol deu ordem para “interromper a transferência” de água do rio Douro para Portugal, que estava a decorrer no âmbito da Convenção de Albufeira, que rege as relações entre os países ibéricos nos rios que partilham. A decisão surge após algumas comunidades regantes e municípios ribeirinhos terem ameaçado avançar com “mobilizações imediatas” das populações caso o envio de água para Portugal não fosse interrompido.
O Jornal Público escreve esta quarta-feira, citando o jornal El Periódico de España que se publica em Zamora, que a Confederação Hidrográfica do Douro (CHD) “parou na segunda-feira a transferência de água para Portugal”.
Segundo o órgão de comunicação social espanhol, a ordem para que fosse “interrompida a transferência”, que estava a ser realizada para dar cumprimento à Convenção de Albufeira, foi dada pelo Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico (Miteco).
Esta interrupção na transferência de água para Portugal contraria a garantia dada na semana passada pela delegada do Governo espanhol na região de Castela e Leão, Virgínia Barcones, de que Espanha iria manter a passagem de água dos rios para Portugal e respeitar os caudais acordados bilateralmente.
“Espanha é um estado sério que cumpre os acordos internacionais que assina”, disse na altura Virgínia Barcones, citada pela agência de notícias EFE.
Agora, o Governo espanhol admitiu ao El Periódico de España que nalgumas bacias hidrográficas será “complicado cumprir integralmente o Acordo de Albufeira”.
Do lado português, ainda esta terça-feira, o ministro do Ambiente e da Ação Climática assegurava que “não há guerra nenhuma relativamente à água” com Espanha, referindo que o Governo irá “continuar a privilegiar o diálogo” sobre o assunto.
“Não há guerra nenhuma relativamente à água. Há sim, da parte de Portugal e de Espanha, trabalho conjunto e permanente (…) e aquilo que é uma compreensão relativamente a um ano particularmente difícil do lado de cá e do lado de lá”, disse o governante em Manteigas, no distrito da Guarda, à margem de uma visita a obras de estabilização de emergência na serra da Estrela e de uma reunião com autarcas da área afetada pelo incêndio de agosto.
Durante Cordeiro referiu que, no tocante ao assunto da água, os Governos dos dois países vão privilegiar “a comunicação conjunta” e “o contacto conjunto”.