Foi um Presidente a ir ao encontro de exigências do PCP aquele que se mostrou no debate entre Marcelo Rebelo de Sousa e João Ferreira, o candidato comunista. Marcelo defendeu mais medidas de apoio direto e o alargamento do prazo de pagamento das moratórias criadas por causa da pandemia de Covid-19.
A defesa de mais medidas começou por ser feita por João Ferreira ao defender que são “medidas de emergência no reforço do Serviço Nacional de Saúde” e criar condições na vida económica e social para ela não pare, nomeadamente com proteções adequadas nos locais de trabalho, nos lares e nos transportes públicos. E também assegurar apoios para os pequenos e microempresários.
“Está visto que os pequenos e médios empresários precisam de uma ajuda direta do Estado e não apenas de um financiamento bancário e não apenas de moratórias”, concordou Marcelo, que avançou ainda: “Penso que se deveria pensar em alongar o perigo de pagamento das moratórias. O alongar por seis meses ou um ano é curto para muito micro, pequeno e médio empresário”. Para o Presidente seria aconselhável alongar o prazo de pagamento para três ou quatro anos.
Também em relação ao apoio aos profissionais de saúde, Marcelo acabou por se colocar em parte ao lado do seu opositor, ao lamentar que “infelizmente” o prémio aos profissionais de saúde tenha ficado “circunscrito” aos que estão no contacto direto com os doentes.
Marcelo foi, assim, contornando as críticas de João Ferreira que defende um exercício do poder presidencial mais exigente com o Governo e que se coloque ao lado dos trabalhadores e dos jovens, em vez de promulgar alterações às leis laborais que o candidato comunista considera que só os prejudicam, como o alargamento do período experimental. João Ferreira acusou mesmo Marcelo de “tomar as dores das confederações” patronais no que diz respeito a questões económicas e laborais.
“É preciso um Presidente que seja de compromisso”, defendeu-se Marcelo, que começou o debate precisamente a argumentar que tem sido “um fator de estabilidade”. O Presidente e recandidato reafirmou que a legislatura “tem de ir até ao fim”. Mas também defendeu que, ao mesmo tempo, “a direita tem direito a organizar-se” e deve fazê-lo porque “num sistema político manco e coxo entram os populismos”.