O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas considera "muito grave" o lapso de comunicação entre o ministro da Defesa e o Presidente da República sobre os crimes alegadamente cometidos por militares e ex-comandos que serviram na missão da ONU na República Centro-Africana.
Em causa está a declaração, desta terça-feira, em que Marcelo Rebelo de Sousa explicou que João Gomes Cravinho terá justificado a falha de comunicação com um parecer jurídico que aconselhava a não transmissão da informação sobre o caso a outras entidades.
"Não tenho razões nenhumas para duvidar do que diz o Presidente da República, que é Comandante Supremo das Forças Armadas. Mas tudo isto, a ter sido assim, deve fazer-nos pensar muito seriamente em quê que fica a nossa soberania", questionou o tenente-coronel António Mota, em declarações à Renascença.
"Faz-me muita espécie que uma coisa destas aconteça e que os órgãos de soberania máximos do meu país - Presidente da República e Assembleia da República - não tenham conhecimento do que se passa", acrescentou.
Dos 11 detidos no âmbito da Operação Miríade, só cinco prestaram declarações no primeiro interrogatório conduzido pelo juiz Carlos Alexandre, esta terça-feira, no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
Os interrogatórios vão ser retomados esta quarta-feira a partir das 09h30 da manhã.
Em causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações internacionais e que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas", com vista ao branqueamento de capitais.
O caso foi reportado em 2019.