A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, acusou esta terça-feira o ministro do Ambiente de ser o "ministro das suiniculturas", considerando que "mais parece" que coloca "as vestes da economia", e reiterou a necessidade de uma remodelação governamental.
"O ministro do Ambiente não pode ser aquilo que tem sido até agora, um autêntico ministro das suiniculturas, um ministro que fecha os olhos àquilo que é também uma necessidade de proteger o meio ambiente e que, em detrimento disso, mais parece que, reiteradamente, coloca as vestes da economia", afirmou Inês de Sousa Real.
A líder do Pessoas-Animais-Natureza falava em Leiria, no encerramento das primeiras jornadas parlamentares do partido, sob o mote de "Travar o ponto de não retorno, ação de resposta à crise climática", onde esteve na Mata Nacional de Leiria, na ribeira dos Milagres e no canil municipal.
Para Inês de Sousa Real, o ministro João Pedro Matos Fernandes, que tutela o Ambiente e a Ação Climática, deveria "olhar para aquilo que é o desafio que tem em suas mãos, a mais elevada responsabilidade, não só para o país, como para o planeta, travar o ponto de não retorno".
Antes, a também deputada considerou que "tem sido bastante claro a inação do Governo" em matéria ambiental.
"Não podemos continuar a ter de norte a sul e ilhas o país a saque em matéria ambiental, desde as estufas na costa vicentina aos painéis solares que agora são instalados destruindo tudo aquilo que é o arvoredo ou, como vimos aqui mesmo em Leiria, suiniculturas que continuam a fazer as suas descargas de efluentes sem qualquer tipo de controlo, num autêntico país sem rei nem roque", prosseguiu.
Referindo-se à ribeira dos Milagres, alvo recorrente de descargas poluentes atribuídas às suiniculturas, Inês de Sousa Real afirmou que o PAN quer "ribeiros mais limpos, rios mais protegidos e mais despoluídos, e isso não se coaduna com a total ausência de política pública em matéria ambiental, não apenas na recuperação destes ecossistemas, mas também de travar a instalação de pecuárias ilegais que existem em todo o país e que não são de forma nenhuma nem fiscalizadas, nem controladas".
Para a porta-voz do PAN, "é fundamental, de uma vez por todas", o país ter "uma política quer ambiental, quer de proteção animal, quer de saúde publica interligada e transversal aos vários ministérios".
"Ter os ministérios de costas voltadas uns para com os outros e de costas voltadas para os interesses da população é algo que não pode acontecer no nosso país", defendeu, insistindo na necessidade de "uma remodelação no Governo que se aproxime daquilo que são as verdadeiras preocupações das pessoas e as verdadeiras preocupações do século XXI, combater a ação climática e ter uma política mais empática para com as pessoas e também para com os demais seres que partilham" o planeta.
Em dezembro de 2020, o ministro admitiu que não será construída uma estação de tratamento de efluentes suinícolas em Leiria, por falta de compromisso com os empresários do setor.
"A solução de uma grande ETAR [estação de tratamento de águas residuais] demonstra ser uma solução ineficiente, que vai obrigar a um investimento grande", disse então, observando que "o problema não está no investimento, mas na garantia e no compromisso de quem produz efluentes de os levar a essa mesma ETAR, porque não existe uma rede de esgoto".
Na sexta-feira, a porta-voz do PAN criticou a postura do ministro da Administração Interna em relação ao acidente envolvendo a viatura onde seguia que vitimou uma pessoa, e defendeu a sua substituição, juntamente com outros ministros.