O número de mortos no terramoto que abalou Marrocos na noite desta sexta-feira subiu para 1.305 pessoas. O abalo de 6,8 na escala de Richter ocorreu a sudoeste de Marraquexe e fez pelo menos 1.832 feridos.
O Ministério do Interior de Marrocos atualizou o número de mortos, que não chegava aos 300 mortos durante madrugada. Segundo o balanço mais recente, entre os feridos, 721 pessoas estão em estado crítico.
Foram registadas mortes nas províncias e prefeituras de Al Haouz, Marraquexe, Taroudant, Ouarzazate, Chichaoua, Azilal, Agadir, Casablanc e Al Youssufia. As autoridades pediram aos marroquinos que doem sangue, devido ao número elevado de feridos que estão a receber.
Há dois portugueses que ficaram feridos na sequência do terramoto que abalou Marrocos. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, os dois feridos são turistas portugueses, pai e filha, que passavam férias em Marrocos. "Estão ambos fora de perigo e não há necessidade de um transporte médico", disse.
O ministro adiantou que os dois feridos são parte de uma família de cinco. "Tiveram tratamento hospitalar mas estão fora de perigo", explicou.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o abalo ocorreu às 23h11 de sexta-feira. O epicentro foi a 71 km de Marraquexe, na região do Alto Atlas - uma subcordilheira que faz parte do Atlas marroquino. Pensa-se que muitas vítimas estarão em aldeias remotas desta região.
O terramoto ocorreu a uma profundidade de 18,5 quilómetros, e foi sentido em Portugal com alguma intensidade, em localidades como Faro, Loulé, Portimão, Cascais, Lisboa e Torres Vedras.
O que sabemos até agora?
De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, os portugueses em Marrocos "encontram-se bem". Em comunicado na manhã deste sábado, o Governo disse que está a contactar os cidadãos nacionais que estão no país. As comunicações no território estão "condicionadas".
O MNE também avançou que vai enviar para Marraquexe um avião da Força Aérea. O objetivo é retirar os portugueses que queiram sair de Marrocos e voltar a Portugal.
José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, declarou a disponibilidade portuguesa para "projetar" para Marrocos "uma força equivalente" à enviada para a Turquia, em fevereiro deste ano. Em declarações à Renascença, o ministro diz que está a aguardar a resposta de Marrocos.
A Madeira disponibilizou-se para auxiliar as equipas de socorro de Marrocos, colocando à disposição do país equipamentos e recursos humanos.
A União Europeia também ofereceu ajuda ao país do Norte de África, expressando solidariedade com o povo marroquino.
O sismólogo João Duarte Ferreira disse à Agência Lusa que o número de mortos provocados pelo sismo ainda vai subir "significativamente". O terramoto aconteceu numa zona de convergência entre as placas tectónicas africana e euro-asiática, que, noutras áreas, "são bastante estáveis", mas que, nesta localização, apresentam "deformação distribuída ao longo de centenas de quilómetros", representada na cordilheira do Atlas.
Os líderes dos órgãos de poder central em Portugal - Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos Silva e António Costa - manifestaram todos o seu pesar. Mais tarde, às televisões, o Presidente da República garantiu que os portugueses estão "ativamente solidários" com o povo marroquino.
Como foram os momentos do sismo?
Um grupo de autarcas algarvios está em Marraquexe, devido a uma conferência internacional sobre geoparques. O presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, contou à Renascença que passou a noite ao relento e o terramoto foi "um grande susto".
Mónica Sintra está em Marraquexe, e saiu "logo para a rua" quando sentiu o sismo. À Renascença, a cantora explicou que não vai sair do hotel por segurança.
À agência de notícias AFP, um habitante de Marraquexe descreveu que sentiu "um tremor muito violento", que percebeu depois que era um terramoto.
"Conseguia ver os edifícios a mexer-se. Não temos necessariamente os reflexos para este tipo de situação", contou Abdelhak El Amrani. "Depois saí e havia muita gente na rua. As pessoas estavam em choque e pânico. As crianças estavam a chorar e os país estavam perturbados", acrescentou.
O jovem de 33 anos contou ainda que "a eletricidade foi abaixo durante 10 minutos, assim como a rede [de telefone], mas depois voltou", enquanto toda a gente "decidiu ficar na rua".
Através das redes sociais foram divulgados vídeos de edifícios desabados e danificados, incluindo partes das famosas muralhas vermelhas que cercam a cidade velha da histórica Marraquexe, Património Mundial da UNESCO, onde os habitantes saíram às ruas em pânico.
Alguns turistas partilham imagens dos momentos após o terramoto, declarando-se em choque.
Segundo testemunhas citadas pela agência Efe, o tremor foi sentido em cidades do norte, como Larache, a 550 quilómetros do epicentro, bem como em Casablanca e na capital Rabat, a 300 e 370 quilómetros, respetivamente.
Entretanto, Marrocos decretou três dias de luto nacional. "Foi decidido decretar um luto nacional de três dias com as bandeiras a meia haste em todos os edifícios públicos", indicou um comunicado do palácio real divulgado pela agência noticiosa oficial MAP, na sequência de uma reunião presidida pelo Rei Mohammed VI e convocada para avaliar a situação no terreno após o sismo.
[notícia atualizada às 20h55]