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O PSD afirmou esta quinta-feira que foi a “falta de preparação” que conduziu ao “descontrolo da situação pandémica” em Portugal, e pediu uma “mudança radical” na estratégia de identificação, isolamento e testagem de casos suspeitos ou identificados.
Em declarações aos jornalistas à saída da reunião com especialistas em saúde pública, no Infarmed (em Lisboa), o vice-presidente da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite confirmou que, tal como disse o presidente Rui Rio, o partido dará o seu apoio a um decreto de renovação do estado de emergência, desde que este seja “razoável”.
O deputado e médico lamentou o hiato de mais de dois meses desde a última reunião entre partidos e especialistas e apontou que o encontro de hoje decorre “numa situação em que não se retomou o controlo da situação pandémica”.
“Fica-se com sensação que a falta de preparação levou ao descontrolo da covid-19 no nosso país e, como disseram os especialistas, ainda temos longas semanas muito difíceis pela frente, com uma sobrecarga do sistema de saúde e colocando em risco a capacidade de resposta dos cuidados intensivos e, potencialmente, um aumento agravado de óbitos”, afirmou.
Ricardo Baptista Leite não quis pronunciar-se sobre medidas concretas, quer do atual estado de emergência, quer do próximo quadro - dizendo que apenas o Governo dispõe de toda informação -, mas alertou que nas últimas semanas “80% das novas infeções decorreram sem se compreender como é que estas pessoas se infetaram”.
“Somos um barco à vela a navegas às escuras e sem bússola”, lamentou.
O deputado apelou a que as medidas apresentadas há uma semana do Conselho Estratégico Nacional do PSD sejam “pelo menos analisadas pelas autoridades”, nomeadamente a que pede a realização de testes, identificação e isolamento em 24 horas de todos os casos suspeitos de covid-19.
“Entendemos que sem mudar radicalmente a estratégia testagem, identificação e isolamento em tempo adequado de todos casos infetados e suspeitos não iremos conseguir controlar a situação pandémica”, avisou.
Sem essa política, alertou, as medidas implementadas, “difíceis e com impacto económico brutal”, não vão surtir a totalidade do efeito desejado e fazer regressar o número de casos a um valor “gerível” pelo sistema de saúde.
“Quando ouvimos que 68% das pessoas se teriam infetado em contexto familiar, hoje percebemos que na verdade é uma percentagem muito mais pequena, porque objetivamente não se sabe. E quando não se sabe, não se conseguem tomar medidas assertivas”, considerou.
Baptista Leite apelou a que o Governo olhe para os países que têm respondido melhor à pandemia, como Dinamarca, Alemanha, Finlândia ou Noruega, para garantir que Portugal não chega a 2021 a “entrar e sair” de confinamentos.
“Não temos capacidades nem recursos para aguentar essas medidas”, defendeu, insistindo que só os países que apostaram numa identificação e testagem rápida de todos os casos conseguiram controlar a pandemia.
Sobre as futuras vacinas, Baptista Leite afirmou que, neste momento, “há mais incertezas que certezas”, não havendo respostas sobre quem será primeiro vacinado em Portugal e quantas pessoas têm de estar vacinadas até se poderem diminuir as medidas restritivas.
O deputado e médico deixou uma palavra de agradecimento a todos os profissionais de saúde e um apelo aos portugueses para que continuem a adotar medidas de proteção.
“De facto, neste momento estamos nas nossas mãos, dependemos de nós para nos protegermos e aos nossos entes queridos”, apelou.
BE quer mais Estado no combate à pandemia
Já o Bloco de Esquerda (BE) defendeu a necessidade de mais medidas e "mais ação social " para combater a pandemia de covid-19, mas considerou que devem passar pela "responsabilidade do Estado" e pela criação de mais direitos.
Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com especialistas em saúde pública, no Infarmed (em Lisboa), o deputado Moisés Ferreira começou por salientar que " existem neste momento inúmeros concelhos no país com uma incidência superior a mil novos casos , nos últimos 14 dias, por 100 mil habitantes, o que é muito elevado".
"Claramente, perante esta situação, só pode haver uma conclusão, é de que é preciso mais medidas, e mais medidas que não apontem só no sentido da responsabilização individual e de acumular deveres em cima da população, são precisas mais medidas no sentido da responsabilidade do Estado e da criação de direitos também para fazer face à pandemia", defendeu.
Na ótica do BE, " só com mais Estado, só com mais ação social também, só com criação de direitos para a população é que vai ser possível enfrentar e derrotar esta pandemia", indicou Moisés Ferreira.
PCP diz que à injustiça para com os restaurantes
O dirigente comunista Jorge Pires sublinhou que o setor da restauração é responsável por apenas 2% dos contágios com o novo coronavirus , citando um estudo, mas sem precisar qual.
“Já se falou aqui nos restaurantes quando o estudo diz que apenas 2% dos casos de transmissão acontecem nos restaurantes, mas fecham-se os restaurantes. Atira-se para a ruína milhares de pequenas empresas da restauração e vai-se atirar para o desemprego dezenas de milhares de pessoas, mas pelos vistos não é ali que está o problema”, afirmou.
Jorge Pires falava aos jornalistas após a reunião alargada entre especialistas em saúde pública e responsáveis políticos, no Infarmed, em Lisboa.
“Independentemente do crescimento que se mantém do número de casos, é de realçar que há um decréscimo desse crescimento, que está a ser mais lento”, continuou.
“Estivemos
muitas horas a ouvir medidas e mais medidas, todas nos sentido de condicionar
os direitos e mobilidade das pessoas,
apontando muito no sentido do
confinamento e não ouvimos nada sobre medidas no plano sanitário que são
fundamentais para combater a doença”, lamentou o dirigente do PCP.
NÚMERO DE CASOS DIÁRIOS DE COVID-19
CDS quer conhecer medidas antes
O CDS-PP apelou ao primeiro-ministro que dê a conhecer aos partidos as medidas que o Governo prevê implementar para combater a pandemia de covid-19 antes de o parlamento votar a renovação do estado de emergência.
O vice-presidente do CDS António Carlos Monteiro criticou o facto de, há duas semanas, a declaração do estado de emergência ter sido votada numa sexta-feira e o Governo ter anunciado apenas no dia seguinte as medidas que seriam implementadas, considerando que "não correu bem".
O centrista apelou por isso ao Governo que anuncie "atempadamente" as medidas que serão implementadas, "para que o estado de emergência seja votado com o conhecimento daquilo que vai ser o impacto dessa mesma votação na vida dos portugueses".
"Era muito importante perceber o que é que está em causa face aos níveis de contágio que são altamente preocupantes", defendeu.
O dirigente referiu que na reunião os participantes foram alertados que, desta vez, o estado de emergência será "mais duro e mais prolongado porque a situação é particularmente grave".
António Carlos Monteiro salientou que o partido "sabe que há portugueses que têm a sua vida em risco, compreende a necessidade de haver um enquadramento jurídico que só o estado de emergência pode dar no ordenamento para as medidas que têm de ser tomadas", e considerou "fundamental ter conhecimento dessas mesmas medidas para saber se elas correspondem a estes critérios que têm sido elencados pelo CDS, que são confirmados pelos especialistas como sendo os mais adequados, e ainda hoje isso foi aqui feito".
O vice-presidente do CDS falou numa "unanimidade nos especialistas" em torno de algumas medidas defendidas pelo partido, nomeadamente "a criação de um mapa de risco por concelho, a defesa de que as medidas têm de ser cirúrgicas" e ser analisadas "concelho a concelho", tendo em conta o risco de propagação do novo coronavírus em cada região.
PAN quer moderação no estado de emergência
Por seu lado, a líder parlamentar do PAN considerou que o estado de emergência “não deve ser desgastado”, mesmo sendo necessário ao contexto atual, defendendo que o parlamento “pode e deve” assumir um papel regulador de certas medidas.
“Tem-se falado muito naquilo que possa ser a limitação dos direitos, liberdades e garantias, mas tem-se falado muito pouco no papel que a Assembleia da República pode e deve ter. O estado de emergência é um estado absolutamente excecional, que não deve ser desgastado, a democracia também não deve ser desgastada – não significa isto que ele não seja necessário a este tempo”, declarou Inês Sousa Real, no final da reunião no Infarmed, em Lisboa, sobre situação epidemiológica da covid-19 em Portugal entre especialistas de saúde pública e políticos.
Para a líder parlamentar do PAN, há “um trabalho de casa que não tem sido feito” que passa por “regular aspetos da vida em sociedade, como o teletrabalho”, garantindo a adaptação ao contexto pandémico, nomeadamente “àquilo que têm sido as restrições e limitações da circulação”.
Inês Sousa Real defendeu esta tarde que, face ao número reduzido de camas e materiais no Serviço Nacional de Saúde, o governo deveria auxiliar-se mais nos quartéis e no papel “absolutamente fundamental” das Forças Armadas, recusando a opção de uma requisição civil para os privados.
“Se existe uma incapacidade ao nível de camas e de resposta do Serviço Nacional de Saúde, para o PAN a resposta não passa pela requisição civil como até aqui tem sido avançada por outras forças políticas, mas sim por aquilo que já foi uma opção da contratação, não devemos diabolizar o papel dos privados também na resposta aos problema de saúde”, sustentou.
O primeiro-ministro, António Costa, propôs hoje que as reuniões entre especialistas e políticos sobre a evolução da covid-19 em Portugal voltem a realizar-se com regularidade, anunciou o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro.
O Presidente da República anunciou também que vai propor ao parlamento renovar a declaração do estado de emergência em Portugal por mais 15 dias , de 24 de novembro até 8 de dezembro, para permitir medidas de contenção da covid-19.
As reuniões sobre a evolução da pandemia da covid-19 em Portugal, que juntam políticos, especialistas e parceiros sociais, foram hoje retomadas, no Infarmed, em Lisboa.
A última destas reuniões realizou-se na Faculdade de Medicina da Universidade Porto, no dia 07 de setembro, após terem estado interrompidas cerca de dois meses.
Portugal contabiliza pelo menos 3.632 mortos associados à covid-19 em 236.015 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
O país está em estado de emergência desde 9 de novembro e até 23 de novembro, período durante o qual há recolher obrigatório nos concelhos de risco de contágio mais elevado e municípios vizinhos. A medida abrange 191 concelhos.