Em tempos de pandemia, “os jovens não desarmam!”, escreve D. Tolentino
12-04-2020 - 18:00
 • Filipe d'Avillez

Cardeal português escreveu uma carta aos portugueses, dirigido especialmente aos jovens que teriam estado em Roma para receber os símbolos da Jornada Mundial da Juventude, não fosse o coronavírus.

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“Os jovens não desarmam”. Quem o diz é D. Tolentino Mendonça, bibliotecário do Vaticano, numa carta dirigida aos jovens portugueses, por altura da Páscoa.

Na carta, disponível no site do Patriarcado de Lisboa, D. Tolentino recorda que por estes dias deveria ter ocorrido o encontro com os jovens portugueses que iam a Roma receber os símbolos da Jornada Mundial da Juventude, mas o coronavírus obrigou ao adiamento para novembro.

“Tivemos um encontro marcado, em Roma, na Igreja de Sant’Andrea della Valle, quando muitos de vós viessem à entrega que o Papa Francisco faria da cruz das Jornadas Mundiais da Juventude. Sabemos como, neste curto espaço de tempo, as condições do mundo se alteraram por causa da pandemia, mas os cristãos não desarmam, e muito menos os cristãos jovens. A nova data do vosso encontro com o Santo Padre já está prevista para o próximo mês de novembro. Será uma festa belíssima”, escreve o cardeal.

D. Tolentino elogia os jovens pela sua força e pelo testemunho que têm dado durante o período de confinamento. “Obrigado, queridos jovens, pelo vosso testemunho de Fé, pelo modo como tendes vivido este tempo em família; comunicando uns com os outros para não deixar ninguém só; cooperando com tantas iniciativas de voluntariado e de serviço aos que atravessam maiores dificuldades. Os jovens não desarmam.”

No resto da carta D. Tolentino coloca por escrito a catequese que tinha previsto dirigir aos jovens portugueses que iam a Roma, centrado na frase: “Jovem, Eu te digo, levanta-te!”

A carta do cardeal termina dizendo que “esta é uma Páscoa que recordaremos”, devido à “pandemia, a quarentena, os vários confinamentos, a vida suspensa, as horas passadas no zoom, as igrejas fechadas, as celebrações por streaming, a solidão, a dor e a morte.”

“Mas para um cristão não pode ser só isso”, afirma.

“Na homilia do Domingo de Ramos, o Papa Francisco foi direto ao assunto ao afirmar: ‘o drama que estamos a atravessar neste período impele-nos a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor’. E dirigindo-se especialmente aos jovens deixou este desafio: ‘Queridos amigos, olhai para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Senti-vos chamados a arriscar a vida. Não tenhais medo de a gastar por Deus e pelos outros! Lucrareis… Porque a vida é um dom que se recebe doando-se. E porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas... Dizer sim ao amor, sem se nem mas, como fez Jesus por nós’. Associo-me às palavras do Santo Padre e também vos peço: por favor, queridos jovens, não deixem o vosso coração prisioneiro do confinamento.”

“Esta não é uma hora para tornar o coração pequenino, mas para fazê-lo crescer. Este não é o momento para desistir de sonhar, mas é sim uma estação para os grandes sonhos. Este não é o tempo para deixar mirrar as nossas visões: este é o tempo para olhar os lírios do campo.”

“O segredo da vida é este: amar. E o segredo do amor é só um: servir”, diz D. Tolentino.