Há doentes crónicos dos hospitais do Médio Tejo que estão a ser internados devido ao agravamento do seu estado de saúde. Em causa está a falta de acesso a consultas e tratamentos durante os dois anos da pandemia, que condicionou o acesso aos cuidados de saúde.
Em declarações à Renascença, o Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo revelou que os “utentes chegam com doenças que tinham e que se complicaram mais com a falta de assistência durante estes dois anos”.
Trata-se de doentes com patologias, sobretudo cardiovasculares, às quais se associam problemas respiratórios.
“Como tinham já patologias há três ou quatro anos, e viram os tratamentos interrompidos devido à pandemia”, as situações agravaram-se e surgiram outras doenças, explicou Casimiro Ramos.
“Se tivessem tido um acompanhamento na altura, não necessitariam de tratamento, ou se tivessem uma crise, estavam cá dois ou três dias”, acrescentou.
Como tal não aconteceu, “as várias complicações obrigam a estarem internados duas ou três semanas”.
Segundo o administrador, estes doentes representam cerca de um terço dos que recorrem às urgências dos hospitais de Abrantes, Torres Novas e Tomar.
A situação “faz com que as enfermarias fiquem quase completamente cheias”, e que o internamento tenha de ser feito na própria urgência, originando, assim, “picos nas urgências que podem ir às 80 ou 90 pessoas”.
Considerando que “não se vai mandar embora os doentes internados para se internarem outros”, Casimiro Ramos salientou que “não é por falta de recursos humanos que a situação (grande afluência nas urgências) existe”. Ela “resulta dessa gestão”, disse o administrador, lamentando que haja doentes que tenham de esperar para serem internados, por falta de camas no internamento.
Em causa estão sobretudo pessoas com mais de 60 anos que têm recorrido às urgências dos hospitais de Abrantes, Torres Novas e Tomar.