O ex-banqueiro João Rendeiro diz que não vai voltar a Portugal.
Numa curta declaração à CMTV, no tribunal de Verulam, onde iria ser ouvido esta terça-feira, Rendeiro rejeitou a ideia de regressar ao seu país, onde tem de cumprir pena efetiva de prisão.
Fica assim, aparentemente, posta de parte a ideia de que a equipa de defesa de Rendeiro poderia colaborar com um eventual processo de extradição, que o Ministério Público em português deve pedir à África do Sul. A alternativa poderá ser cumprir a sua pena naquele país.
Rendeiro compareceu esta terça-feira em tribunal pelo segundo dia consecutivo, mas a audiência foi novamente adiada, devendo ter lugar na quarta-feira.
Num primeiro momento o juiz sul-africano deve decidir sobre a validade da detenção do português e depois sobre as medidas de coação a que este deve ficar sujeito, caso a detenção seja considerada válida, como se espera.
A defesa de Rendeiro já disse que vai pedir a sua libertação sob fiança, medida a que o Ministério Público sul-africano naturalmente se opõe.
Só mais tarde é que poderá vir a ser analisado um pedido de extradição, processo que é passível de recurso e que por isso poderá levar várias semanas ou até meses a ficar resolvido.
João Rendeiro mostrou esta terça-feira que não tenciona regressar a Portugal, mas caso o ex-banqueiro seja extraditado, será para entrar diretamente na cadeia, porque já se tornou definitiva uma das três penas de prisão a que foi condenado. Neste caso, uma pena de cinco anos e oito meses por crimes de falsidade informática e falsificação de documentos, relacionados com adulteração da contabilidade do BPP em mais de 30 milhões de euros e ocultação ao Banco de Portugal.
Há depois outras duas condenações a que já foi sujeito, uma de três anos e seis meses de prisão por crimes de burla qualificada e outra de 10 anos por fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais, mas estes dois últimos processos ainda estão em recurso.
O ex-presidente do extinto Banco Privado Português foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, tendo o tribunal dado como provado que João Rendeiro retirou do banco 13,61 milhões de euros.
O colapso do BPP, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.