Morreu Jacques Delors. Cavaco lembra "grande amigo de Portugal" que foi crucial para a integração europeia
27-12-2023 - 22:25
 • Lusa

Delors foi "absolutamente decisivo para a criação do grande mercado interno europeu, da liberdade de circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais e da União Económica e Monetária, que instituiu o Banco Central Europeu e a moeda única, o Euro".

O ex-Presidente da República Cavaco Silva recordou Jacques Delors, que morreu hoje com 98 anos, como "um grande amigo de Portugal" que desempenhou um papel decisivo na integração do país na então Comunidade Económica Europeia, em 1986.

"Quero, nesta hora em que nos despedimos de Jacques Delors, homenagear um verdadeiro amigo de Portugal, crucial para a integração de Portugal na grande família europeia", escreve Aníbal Cavaco Silva numa nota enviada à agência Lusa a propósito da morte do ex-presidente da Comissão Europeia.

O ex-chefe de Estado e antigo primeiro-ministro classifica Delors como "um gigante do processo de construção europeia e um grande amigo de Portugal", sublinhando o seu contributo "absolutamente decisivo para a criação do grande mercado interno europeu, da liberdade de circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais e da União Económica e Monetária, que instituiu o Banco Central Europeu e a moeda única, o Euro".

"Se a União Europeia é hoje um caso de sucesso em muitos domínios, isso deve-se à visão, à determinação e à perspicácia de Jacques Delors, que soube ultrapassar momentos delicados para dar passos determinantes", salienta.

Cavaco lembra que durante nove anos do seu mandato como primeiro-ministro manteve "frequentes contactos e negociações intensas com Jacques Delors, pessoa por quem tinha um forte respeito e admiração". "Quando em 1997 publiquei o meu livro "Portugal e a Moeda Única" foi a Jacques Delors que pedi que escrevesse o respetivo prefácio", recorda.

"O contributo de Jacques Delors foi da maior importância para o sucesso de negociações particularmente relevantes para Portugal", refere ainda o ex-Presidente, apontando os casos da "criação da política europeia de coesão económica e social e a aprovação dos Pacotes Delors I e II", mas também de "negociações específicas" para Portugal, "como os programas de apoio à indústria portuguesa (PEDIP), ao desenvolvimento dos Açores e da Madeira (POSEIMA) e à modernização da indústria têxtil e do vestuário".

Aníbal Cavaco Silva manifesta a sua "profunda consternação" pela notícia da morte de Delors e endereça à família do ex-dirigente francês os seus "sentidos pêsames".

Delors morreu hoje em Paris aos 98 anos, disse a sua filha Martine Aubry à agência France Presse (AFP).

Figura da construção do projeto europeu e considerado o "pai do euro", Jacques Delors foi presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, durante três mandatos.